Quem quer pegar o coronavírus?
Pesquisadores de Oxford procuram voluntários para estudar resposta imunológica do corpo à Covid-19. Participantes serão expostos à cepa original do vírus
Pesquisadores da Universidade Oxford, na Inglaterra, estão procurando voluntários para participar de um teste de desafio humano: indivíduos saudáveis serão propositalmente infectadas com o coronavírus para que os cientistas possam estudar que tipo de resposta imunológica do organismo pode impedir que as pessoas se contaminem com a cepa original do vírus e desenvolvam a Covid-19. “O objetivo deste estudo é descobrir qual nível de resposta imune – anticorpos e células T – precisamos em nossos corpos para prevenir a infecção quando pessoas saudáveis são expostas ao vírus. Esta é a resposta imune que precisamos induzir com uma nova vacina”, diz Helen McShane, professora de Vacinologia do Departamento de Pediatria da Universidade Oxford e investigadora-chefe do estudo “Um modelo de desafio humano é onde, sob condições cuidadosamente controladas, expomos deliberadamente voluntários saudáveis a um inseto ou patógeno”, explica.
A primeira fase do estudo começou em abril de 2021. Atualmente estabelece uma dose baixa de vírus em 50% das pessoas que já foram naturalmente infectadas ou vacinadas, e produzem pouco ou nenhum sintoma. Na segunda fase, todos os participantes serão infectados com uma dose padrão do vírus, estabelecida na primeira fase. “Aprendemos muito sobre a Covid-19 nos últimos dois anos, mas o surgimento de novas variantes significa que provavelmente teremos que continuar refinando as vacinas”, afirma Helen. “Se soubermos qual o nível de resposta imune que precisamos para induzi-la, o desenvolvimento futuro de imunizantes será muito mais rápido e eficiente”, acrescenta.
O vírus usado na pesquisa será a cepa original do SARS-CoV-2, vindo de Wuhan, na China. Os participantes ficarão em quarentena, isolados em uma suíte hospitalar especialmente projetada por um período mínimo de 17 dias, sob os cuidados da equipe de pesquisa. Eles passarão por vários exames médicos, incluindo tomografia computadorizada dos pulmões e ressonância magnética do coração. Os riscos para os voluntários serão mínimos, com garantias de que estejam bem e se recuperado completamente de sua primeira infecção pelo coronavírus.
Todos os participantes que desenvolverem quaisquer sintomas receberão tratamento médico com anticorpos monoclonais Regeneron. Eles só terão alta da unidade de quarentena quando não estiverem mais infectados e não transmitirem o virus para outras pessoas. A duração total do estudo será de 12 meses, incluindo um mínimo de cinco consultas de acompanhamento após a alta. A participação no estudo é totalmente voluntária. Os participantes devem ter entre 18 e 30 anos, saudáveis, e que se encaixem em duas situações: já tenham tido a Covid-19 e estejam vacinados ou não vacinados; ou sem histórico anterior de infecção por Covid-19, mas que receberam ao menos uma vacina contra a doença.
Abaixo, os números da vacinação no Brasil: