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‘Quero andar com os dois pés no chão’, sonha menina de 11 anos após cirurgia inédita

Manuela Ballarin Massaia fez procedimento de alongamento do fêmur com haste motorizada na AACD; método substitui fixadores externos conhecidos como 'gaiolas'

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jul 2025, 12h00

Manuela Ballarin Massaia, de 11 anos, tem uma firmeza na voz e a segurança que nem todos adultos expressam. Para o futuro, cultiva dois sonhos: ser uma boa advogada e sentir ambos os pés tocando o chão ao caminhar. Em tratamento para igualar o tamanho das pernas desde os cinco anos, ela foi a primeira paciente no Brasil a receber uma haste de alongamento de fêmur motorizada, procedimento realizado no mês passado na AACD, instituição de ortopedia e reabilitação localizada na capital paulista, e que permite o crescimento ósseo com menos risco de infecção e com redução de possíveis incômodos durante o processo.

O procedimento pioneiro, relatado com exclusividade para VEJA, consistiu na colocação de uma haste na região do joelho da paciente que é estimulada a cada oito horas e que permite o alongamento do fêmur. A previsão é de que, em um prazo de dois meses, o osso tenha aumentado até seis centímetros. O método é seguro e pode substituir os fixadores externos mais conhecidos como “gaiolas”, cujas estruturas são colocadas através da pele.

“É o mecanismo mais utilizado no mundo, mas tem problemas para alongamento na coxa, porque precisamos passar o pino pela pele, região subcutânea, gordura e atravessar a musculatura interfere no joelho e causa um desconforto”, explica Rafael Yoshida, médico ortopedista pediátrico no Hospital Ortopédico AACD.

Com a nova haste, nenhum ajuste para fazer o alongamento é feito de forma externa. O dispositivo tem um receptor de impulsos de radiofrequência e é por meio desse eletrodo colocado abaixo da pele que ocorre a movimentação de cerca de 1 milímetro por dia. O processo de alongamento ocorre por dois meses e a haste permanece no local por um prazo de seis meses para consolidação do fêmur. “Com dois anos, com o osso já remodelado, a haste é retirada.”

Segundo Yoshida, o procedimento pode ser feito em pacientes com diferenças de comprimento entre membros, sequelas de traumas, deficiências congênitas e deformidades angulares — para o alinhamento de joelho que está para dentro ou para fora –.

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“A limitação é para ossos que estão em crescimento. Nas meninas, é indicado dois anos depois da primeira menstruação Nos meninos, aos 16, 17 anos. Então, são adolescentes que estão no final do crescimento e adultos com nanismo ou o fêmur muito curto”, explica.

No caso de Manuela, por causa de uma infecção diagnosticada aos dois anos, houve a interrupção do crescimento do fêmur, por isso, o procedimento foi realizado em uma pessoa mais jovem. Até que o osso se solidifique, ela não pode pisar no chão para não danificar o dispositivo e está usando cadeira de rodas.

Diferença entre os tratamentos

A estudante de 11 anos já utilizou ambos os métodos e está satisfeita com a nova experiência. “Estou me sentindo diferente das outras vezes. Não tem aquele tanto de gente em cima de mim, perguntando sobre a ‘gaiola’, e eu sentia muita dor. Não sinto dor agora.”

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Mãe da jovem, a professora Karen Cristina Ballarin Massaia, de 43 anos, conta que o fixador externo chamava atenção. “Quando ela tinha cinco ou seis anos, dizia que não aguentava mais falar sobre o que tinha acontecido, porque as pessoas ficavam chocadas. Uma criança daquela idade com anéis na perna. Algumas vezes ela nem respondia. Tinha momentos que fechava a cara.”

Antes disso, houve a saga até descobrir o problema que fez com que a menina começasse a pisar na ponta do pé esquerdo e sentir dor com apenas dois anos de idade. “Os médicos falaram que poderia ser uma picada de aranha ou um tumor nos ossos. Pediram vários exames até descobrirem que era sequela de uma infecção na cartilagem do fêmur.”

Aos cinco anos, com uma diferença de seis centímetros entre as pernas, fez o primeiro alongamento ósseo. “Quando ela estava com oito anos e meio, estava com uma diferença de nove centímetros e tinha uma sequela na tíbia. Com nove anos, ela não queria mais sair de casa.”

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Foram muitas dificuldades ao longo dos últimos anos, inclusive a luta contra o bullying. “Muitas vezes, ela chegava chorando da educação física, mas falava que resolvia. Ela é muito determinada.”

E essa determinação inspirou a família a conhecer e adotar o novo tratamento, que aumentou a esperança de Manuela para o futuro.  “Quero andar com os dois pés no chão, ser como as meninas da minhas idade e, quando crescer, quero ser uma boa advogada.”

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