Riscos à saúde podem impulsionar engajamento contra mudanças climáticas
Estudo feito a partir da análise de dados de mais de 200 pesquisas indica que falta conhecimento sobre relação entre saúde e clima

Se hoje falta engajamento das pessoas em temas relacionados à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas é porque muitas ainda não entendem como sua saúde pode ser afetada pela transformação no planeta. É o que aponta um estudo elaborado por pesquisadores da George Mason University, nos Estados Unidos, apresentado durante a COP28.
De acordo com os cientistas, existe uma compreensão limitada entre a população, principalmente em países do Ocidente, sobre os efeitos na saúde que as alterações climáticas terão. Em países mais vulneráveis às mudanças do clima esse impacto na saúde é mais perceptível. Ainda segundo o estudo, apresentar os perigos à saúde em um contexto de emergência climática pode ser uma maneira eficaz de aumentar a preocupação e o engajamento da população com o tema.
Para chegar às conclusões apresentadas, os pesquisadores do Centro de Comunicação sobre Mudanças Climáticas da George Mason University analisaram pesquisas publicadas nos últimos 23 anos sobre opiniões do público, dos profissionais de saúde e dos funcionários públicos em relação aos impactos das mudanças climáticas na saúde, e observaram diferentes estratégias de comunicação sobre impactos e riscos futuros. Foram mais de 200 pesquisas analisadas em oito idiomas, incluindo português.
Os autores da pesquisa mostram que existe um conjunto de evidências bastante expressivo sobre a associação entre as mudanças no clima e os riscos à saúde, mas faltam dados importantes sobre como essas evidências são comunicadas à população. “Mais pesquisas do tipo devem ser realizadas para confirmar as conclusões, especialmente no Sul global, mas esperamos que este estudo dê um claro sinal verde aos muitos profissionais de saúde que já estão trabalhando para educar o público e os políticos sobre a relevância da saúde no contexto das alterações climáticas”, disse Edward Maibach, diretor do Centro de Comunicação sobre Mudanças Climáticas da George Mason University.
“Estamos testemunhando os drásticos impactos das alterações climáticas na saúde de forma mais acentuada a cada dia, especialmente entre as comunidades em maior risco. As informações sobre como as pessoas recebem mensagens sobre o clima e a saúde são importantes à medida que procuramos aumentar a conscientização sobre riscos e como tomar medidas para combater as mudanças climáticas”, afirma Neha Dewan, consultora sênior de insights da Wellcome, fundação global de saúde que apoia a ciência para resolver desafios urgentes de saúde e responsável por encomendar a pesquisa.