Os dois novos tratamentos contra o câncer incluídos no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nesta semana vão integrar a cobertura obrigatória dos planos de saúde a partir de 1º de novembro e, segundo especialistas ouvidos por VEJA, vão ampliar as opções terapêuticas para os pacientes que lutam contra a doença.
A Diretoria Colegiada aprovou a incorporação do Encorafenibe, em combinação com Binimetinibe, para adultos com melanoma irressecável ou metastático, e o Lenvatinibe, combinado com Pembrolizumabe, para tratar pacientes adultas com câncer endometrial avançado.
No caso da terapia para o melanoma, a oncologista Veridiana Pires De Camargo, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, destacou a eficácia do tratamento para atacar mutações presentes nos tumores.
“A mutação de BRAF está presente em 50 % dos casos de melanoma cutâneo. O bloqueio desta alteração através de inibidores de BRAF e MEK apresenta alta eficácia no tratamento do melanoma com metástases. Uma terceira geração destes inibidores foi recentemente aprovada no Brasil, aumentando o arsenal de tratamento destes pacientes com a mutação”, explica Veridiana, que é integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer. “A escolha entre os inibidores de BRAF e MEK, agora disponíveis, vai ser baseado no perfil de toxicidade, tendo em vista que a eficácia é semelhante”, completa.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o melanoma é o câncer de pele mais agressivo e tem alto potencial de se espalhar para órgãos e tecidos vizinhos. Pintas escuras com bordas irregulares e que apresentam coceira e descamação são sinais de alerta. O principal fator de risco é a exposição ao sol e a melhor forma de prevenção é proteger a pele dos raios solares com filtro solar, roupas e chapéus, além de evitar a exposição entre 10h e 16h.
A incorporação da droga para o câncer de endométrio foi classificada como de “extrema importância” por Henrique Helber, oncologista do Hospital Israelita Einstein e também membro do Instituto Vencer o Câncer.
“É um tratamento oncológico oral usado em diversos tipos de câncer, como de rim e tireoide, e existem muitos estudos mostrando benefícios quando usado em concomitância com a imunoterapia para pacientes com câncer de endométrio que falharam na primeira quimioterapia. Isso traz um ganho sem precedentes para as pacientes.”
O câncer de endométrio é mais comum na menopausa e tem como fatores de risco sedentarismo, diabetes, excesso de gordura corporal, crescimento do endométrio e predisposição genética. Os sintomas são sangramentos vaginais fora do ciclo ou mais intensos do que o habitual e ainda sangramentos em pessoas que já estão na menopausa. Em casos avançados, podem ocorrer episódios de dores na região abdominal.
Segundo a ANS, a incorporação dessas tecnologias no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde passou por consulta pública e pela 18ª Reunião Técnica da Cosaúde, em julho deste ano.