A gravidez leva a várias alterações fisiológicas, imunomoduladoras e mecânicas que, muitas vezes, aumentam a suscetibilidade das mulheres a certas doenças, como a Covid-19, e seus efeitos graves. É o que mostra uma meta-análise de 12 estudos, realizados entre fevereiro de 2020 e julho de 2021, feita por pesquisadores de várias instituições nos Estados Unidos, com mais de 13.000 gestantes participantes de um estudo do BMJ Global Health.
Para o levantamento, os pesquisadores utilizaram uma coleta de dados harmonizada e aplicaram uma estratégia analítica de avaliação do risco de morbidade e mortalidade materna, fetal e neonatal em mulheres infectadas pelo SARS-CoV-2 durante a gestação. Observaram que essa população de pacientes corre maior risco de mortalidade, internação em unidade de terapia intensiva (UTI), parto prematuro, mortalidade e morbidade fetal e neonatal, resultados adversos do nascimento e internação em unidade de cuidados neonatais do que as gestantes sem Covid-19.
Mais especificamente, a Covid-19 aumentou o risco absoluto de internação em UTI e necessidade de cuidados intensivos de uma mulher grávida em 3% e 4%, respectivamente. As gestantes infectadas com o coronavírus tiveram cinco vezes mais chances de necessitar de cuidados intensivos em comparação com as negativadas para o SARS-CoV-2.
O risco de morte materna também é significativamente maior entre as grávidas com Covid-19 sintomática comparadas às que não possuem a infeccção. Dos três estudos incluídos que relataram mortes durante o período do estudo, a doença aumentou a probabilidade de pré-eclâmpsia, doença tromboembólica e distúrbios hipertensivos da gravidez. O risco de cesariana foi ligeiramente maior e nenhuma diferença significativa foi identificada no risco de hemorragia, descolamento prematuro da placenta, eclâmpsia ou cesariana intraparto.
Em relação aos bebês, o levantamento apontou um risco aumentado de internação em UTI neonatal (UTIN) para os recém-nascidos de mães infectadas, além de serem mais propensos a nascer pré-termo ou com baixo peso. Outro relatório recente descobriu que as mulheres diagnosticadas com Covid-19 no momento do parto eram mais propensas a precisar de hospitalização prolongada, envolvendo cuidados intensivos para a mãe e o filho.
Apesar dessas observações, os pesquisadores afirmam não poder sintetizar as informações disponíveis sobre o impacto da Covid-19 durante a gravidez devido à heterogeneidade generalizada entre esses estudos conduzidos em 12 países – incluindo Gana, China-Hong Kong, Itália, Quênia, Nigéria, África do Sul, Espanha, Suécia, República Democrática do Congo, Turquia, Uganda e Estados Unidos – nas definições de resultados, em riscos específicos da população e nos métodos de diagnósticos utilizados.
De qualquer forma, esses achados enfatizam a importância da vigilância contínua entre as mulheres grávidas para prevenir a infecção pelo SARS-CoV-2 por meio da vacinação e do uso de intervenções não farmacêuticas, como o uso de máscaras de proteção facial e o distanciamento social.