Show na Alemanha analisa como o coronavírus se espalha em grandes eventos
O experimento teve uma plateia de cerca de 2 000 pessoas e diversos cenários
Medidas governamentais velozes e eficazes, como a realização de testes em massa, atalho para a detecção precoce da Covid-19 na população, fizeram a Alemanha manter uma das taxas de mortalidade mais baixas do planeta desde o começo da pandemia. Ali, a busca por soluções é incessante inovadora. Na semana passada, foi realizada a primeira etapa de um interessantíssimo experimento destinado a desenhar de que modo será possível, no futuro breve, autorizar aglomerações, como as de espetáculos musicais ao vivo. No sábado 22, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Halle organizaram um show dentro de um ginásio com o popular roqueiro alemão Tim Bendzko, na cidade de Leipzig, para uma plateia de cerca de 2 000 pessoas. O objetivo: entender como o novo coronavírus se espalha em grandes eventos e, sobretudo, que distanciamento impor para que a disseminação seja controlada. Os voluntários eram jovens, não pertencentes a grupos de riscos, e foram testados 48 horas antes do início do experimento. Todos receberam álcool em gel fluorescente para mapear as superfícies mais tocadas e tiveram de usar rastreadores eletrônicos para monitorar os contatos físicos. Em alguns momentos, o salão estava lotado. Em outros, mais vazio. Sensores coletaram dados sobre os movimentos da turba. As informações reunidas serão inseridas em um modelo matemático, que deverá ser aplicado na reabertura das grandes salas de concertos alemãs. Os resultados saem em outubro. O nome disso? Rigor científico.
Publicado em VEJA de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702