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Solteiros têm até 80% mais risco de depressão do que casados, diz estudo global

Homens solteiros e pessoas com maior nível educacional são os mais vulneráveis, mas há variações significativas entre diferentes culturas

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 nov 2024, 15h00
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  • Uma pesquisa publicada na revista científica Nature Human Behaviour revelou dados contundentes sobre a associação entre o estado civil e o risco de desenvolver sintomas de depressão. Entre os mais de 20.000 indivíduos — de países como  Estados Unidos, Reino Unido, México, Irlanda, Coreia do Sul, China e Indonésia — acompanhados por um período de 4 a 18 anos, foi observado que pessoas não casadas apresentavam um risco de até 80% maior de desenvolver sintomas de depressão em comparação com indivíduos casados.

    O estudo apontou que não apenas os solteiros, mas também os divorciados, separados e viúvos tinham maior risco de sintomas depressivos. A análise mostrou que divorciados ou separados apresentavam um risco 99% maior de desenvolver sinais de depressão, quase o dobro em relação aos casados, enquanto viúvos tinham 64% mais probabilidade.

    Fatores culturais e as implicações para a saúde mental

    Outro aspecto importante foi a identificação de grupos demográficos particularmente vulneráveis. Homens solteiros e pessoas com alta escolaridade mostraram-se mais propensos a apresentar sintomas de depressão. Essa diferença de risco foi mais acentuada em países ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido e Irlanda, onde fatores culturais e sociais podem amplificar a vulnerabilidade. Em contraste, nos países orientais, como Coreia do Sul, China e Indonésia, a incidência de depressão entre solteiros foi menor.

    A análise regional mostrou que as diferenças culturais desempenham um papel central na vulnerabilidade à depressão entre solteiros. Nos países ocidentais, onde a pressão para manter um status de relacionamento pode ser mais intensa e o apoio comunitário menos disseminado, a solidão e o estigma social podem aumentar o risco de sintomas depressivos. Já em sociedades orientais, onde o coletivo e a resiliência emocional são valorizados, os efeitos negativos de ser solteiro podem ser menos pronunciados.

    O estudo também destacou que hábitos de vida como o consumo de álcool e tabagismo estavam associados ao aumento do risco de depressão entre solteiros em alguns países, particularmente na China, Coreia do Sul e México.  Casados tendem a apresentar taxas mais baixas de consumo de substâncias, o que contribui para uma menor incidência de sintomas depressivos.

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    Por que o casamento pode proteger a saúde mental?

    Os pesquisadores levantaram hipóteses para explicar os potenciais benefícios do casamento para a saúde mental. Entre as principais razões estão o suporte emocional contínuo que o parceiro oferece, o que ajuda na gestão do estresse e dos desafios cotidianos, e o compartilhamento de responsabilidades que promove uma sensação de segurança e estabilidade. Além disso, casais tendem a ter maior acesso a recursos econômicos, o que pode reduzir a pressão financeira e contribuir para o bem-estar geral.

    No entanto, é importante ressaltar que a qualidade do relacionamento também é um fator essencial. Ter um parceiro não é suficiente para garantir boa saúde mental se a relação for marcada por conflitos e insatisfação. Embora o estudo tenha focado apenas em casais heterossexuais e não tenha avaliado a qualidade das relações, os especialistas sugerem que o suporte mútuo e a influência positiva de um cônjuge são elementos que podem explicar os benefícios observados.

    Os pesquisadores também destacaram que os resultados observados não provam causalidade, ou seja, não se pode afirmar que estar solteiro causa depressão, nem que o casamento a previne. É possível que fatores subjacentes, como características de personalidade e circunstâncias socioeconômicas, influenciem tanto o estado civil quanto o risco de depressão.

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