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Terapia hormonal é segura para sintomas da menopausa, diz novo estudo

Pesquisa mostra que os benefícios superam os possíveis riscos para a maioria das mulheres; conclusão é reforçada entre especialistas brasileiros

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 14h01 - Publicado em 3 Maio 2024, 17h00
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  • Mulheres com menos de 60 anos têm taxas mais baixas de efeitos adversos e uma relação de benefício-risco mais favorável da terapia hormonal do que mulheres que iniciam o tratamento na pós-menopausa,  constatou um estudo de acompanhamento realizado durante 20 anos e publicado nesta semana no periódico científico JAMA Women’s Health

    Os achados apoiam que a terapia hormonal deve se iniciar na pré-menopausa para o tratamento de ondas de calor moderadas a graves, suores noturnos e outros sintomas da menopausa, uma indicação também aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana. No entanto, a terapia hormonal não deve ser usada para prevenir doenças cardíacas, derrames, demência ou outras doenças crônicas.

    O estudo também concluiu que a terapia hormonal não aumentou as taxas de mortalidade em todos os grupos etários em comparação com placebo, nem aumentou significativamente o risco de problemas cardíacos e derrames.

    O risco de câncer de mama, por sua vez, aumentou somente com o uso prolongado da terapia hormonal combinada (reposição de estrogênio e progesterona). Já mulheres que tomaram apenas estrogênio, como resultado de terem passado por uma histerectomia (remoção cirúrgica do útero), tiveram um risco 20% menor de desenvolver câncer de mama.

    Resultados negativos no passado

    Em 2002, a Iniciativa de Saúde da Mulher, um grande estudo financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) e focado na prevenção de doenças em mulheres na pós-menopausa, destacou os efeitos colaterais do uso de terapia hormonal combinada para sintomas da menopausa.

    O estudo afirmava que o uso de estrogênio e progesterona aumentava o risco de câncer de mama, doenças cardíacas, derrame, coágulos sanguíneos e incontinência urinária. Embora as mulheres que utilizavam terapia hormonal combinada fossem menos propensas a sofrer fraturas e desenvolver câncer colorretal, esses benefícios não superavam os riscos, concluiu o estudo. Como resultado, muitas mulheres interromperam a terapia hormonal, o que levou a uma queda acentuada nas taxas de câncer de mama em 2003.

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    Porém, os pesquisadores americanos autores do novo estudo afirmam que os achados da pesquisa nunca devem ser usados como motivo para negar a terapia hormonal a mulheres em menopausa precoce com sintomas incômodos. Eles argumentam que muitas mulheres são boas candidatas para o tratamento e, em decisões compartilhadas com seus clínicos, devem receber assistência médica adequada e personalizada para suas necessidades. 

    Suplementos para menopausa são benéficos para algumas pacientes

    O estudo publicado no JAMA também examinou os efeitos da suplementação de cálcio e vitamina D, bem como de um padrão alimentar com baixo teor de gordura entre pessoas na pós-menopausa. Metade dessas mulheres desenvolve osteoporose, uma doença que enfraquece os ossos tornando-os mais finos e menos densos, e a maioria sofrerá fraturas.

    Os novos achados, portanto, não apoiam recomendar rotineiramente suplementos de cálcio e vitamina D para prevenção de fraturas em todas as mulheres na pós-menopausa. No entanto, eles podem ajudar a preencher lacunas nutricionais para mulheres que não atendem às diretrizes nacionais para a ingestão desses nutrientes por meio da dieta.

    Além disso, seguir um padrão alimentar com baixo teor de gordura com maior ingestão de frutas, vegetais e grãos não reduziu o risco de câncer de mama ou colorretal, mas foi associado a um menor risco de mortalidade por câncer de mama pelos pesquisadores.

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    Consenso sobre o tratamento hormonal entre especialistas brasileiros

    O tratamento hormonal, que por muitos anos também foi estigmatizado no Brasil, parece estar sendo ressignificado. Na última quinta-feira, 2, o Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal do Climatério reforçou a eficácia e a segurança da terapia para alívio dos sintomas da menopausa. O posicionamento foi apresentado durante o XIII Congresso Brasileiro de Climatério e Menopausa. 

    Os profissionais da saúde afirmam que se apoiam em pesquisas e evidências científicas robustas. E destacam a importância de colocar a mulher no centro das decisões relacionadas ao tratamento com uma abordagem individualizada, uma vez que os sintomas da menopausa podem variar consideravelmente e que existem diferentes tipos de hormônios, doses e vias de administração. 

    O Consenso enfatiza ainda a importância de desmistificar conceitos antigos e reforçar informações atualizadas sobre a terapia, principalmente em relação ao câncer de mama, cujo risco é, na verdade, muito baixo: 1 a cada 1.000 mulheres. No entanto, deve ser avaliado individualmente, com base nas estatísticas e nas necessidades de cada paciente.

    Outro ponto a ser esclarecido diz respeito à execução do tratamento. “Atualmente, recomenda-se que a terapia hormonal seja realizada com hormônios por via ‘não-oral’, como, por exemplo, através da pele e na menor dosagem efetiva” afirma Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). “Grande parte dos riscos conhecidos da terapia hormonal se dão pela administração incorreta ou pelo uso de hormônios sintéticos e por via oral, esquemas terapêuticos utilizados no passado”, conclui. 

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    Como é feita a terapia hormonal?

    A terapia hormonal se concentra na reposição de estrogênio, o hormônio não mais produzido após a menopausa. Essa substância desempenha um papel fundamental na saúde reprodutiva e afeta o coração e os vasos sanguíneos, ossos, pele, cabelo e o cérebro, entre outros.

    Existem dois tipos principais de terapia hormonal. A terapia hormonal sistêmica envolve uma dose mais alta de estrogênio, que normalmente ainda vem na forma de pílula, adesivo cutâneo, anel, gel e outros produtos. Esse tipo de abordagem visa a mitigar qualquer um dos sintomas comuns da menopausa. Já os produtos vaginais de baixa dose, como cremes, comprimidos ou anéis, são tipicamente usados para tratar os sintomas vaginais e urinários da menopausa.

    Vale ressaltar que a terapia hormonal não é indicada para todas as pessoas – normalmente não é prescrita para mulheres com cânceres de mama e outros hormônio-sensíveis ou história de coágulos sanguíneos. A menopausa pode ser longa e debilitante, portanto é essencial explorar opções de tratamento com profissionais da saúde.

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