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Tipo de anticoncepcional pode influenciar risco de câncer de mama, indica estudo

Autores reforçam que os benefícios dos métodos hormonais seguem superando possíveis efeitos adversos, mas resultados podem ajudar a personalizar as prescrições

Por Victória Ribeiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 nov 2025, 13h00

Afinal, usar anticoncepcional aumenta mesmo o risco de câncer de mama? É bem provável que você já tenha ouvido algo sobre isso. O tema é delicado e, até hoje, não existe um consenso definitivo. Mas um novo estudo sueco indica que sim, há um aumento discreto no risco. Porém, a novidade que o estudo traz é que nem todas as fórmulas hormonais se comportam da mesma forma.

Pesquisadores da Universidade de Uppsala analisaram dados de saúde de mais de 2 milhões de mulheres e adolescentes suecas, com idades entre 13 e 49 anos, acompanhadas ao longo de 14 anos, de 2006 a 2019. No jargão científico, isso representa cerca de 21 milhões de “anos-pessoa”, uma medida que soma o tempo total de observação de todas as participantes — o que faz desse um dos maiores estudos já conduzidos sobre o tema. Nesse período, foram identificados mais de 16 mil casos de câncer de mama.

Resultados

De modo geral, o estudo mostrou que usar qualquer anticoncepcional esteve ligado a um aumento de 24% no risco de câncer de mama. O quadro, porém, muda quando se olha o tipo de hormônio envolvido.

As fórmulas que contêm apenas progestagênio apresentaram um risco um pouco maior (21%) do que as combinações de estrogênio e progestagênio (12%). E entre os diversos tipos de progestagênio avaliados, desogestrel e etonogestrel (um derivado do desogestrel, usado em implantes subcutâneos) chamaram atenção por estarem ligados aos maiores aumentos de risco:

  • Pílulas combinadas com desogestrel: 19% mais risco
  • Pílulas apenas com desogestrel: 18% mais risco
  • Implantes de etonogestrel: 22% mais risco

Já os métodos que contêm levonorgestrel, como o DIU hormonal e algumas pílulas combinadas, mostraram um aumento mais discreto, variando entre 9% e 13%. Por outro lado, produtos com drospirenona, injeções de acetato de medroxiprogesterona e o anel vaginal de etonogestrel não apresentaram elevação estatisticamente significativa do risco.

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Tempo e formulações combinadas

O tempo de exposição foi um fator-chave. De acordo com os autores, o risco cresceu em paralelo aos anos de uso. Mulheres que usaram anticoncepcionais por menos de um ano tiveram um risco 11% maior, enquanto aquelas com uso entre cinco e dez anos apresentaram aumento de 34%.

Os pesquisadores observaram ainda que as formulações combinadas (estrogênio + progestagênio) pareciam ter um risco menor do que as que continham apenas progestagênio. A hipótese é que o estrogênio pode atenuar os efeitos proliferativos do progestagênio sobre o tecido mamário, embora essa relação ainda precise ser melhor compreendida.

Limitações

Os próprios autores reconhecem que o estudo tem limitações, algo comum em pesquisas dessa escala. Por exemplo, os registros nacionais suecos começaram a reunir dados sobre anticoncepcionais apenas em meados de 2005. Isso significa que parte das mulheres que já usavam pílula antes pode ter sido classificada como “não usuária”, o que tende a reduzir a força das associações encontradas.

Outro ponto é que o banco de dados reflete prescrições resgatadas, não necessariamente o acompanhamento em tempo real. Em métodos de longa duração, como o DIU hormonal e os implantes, interrupções precoces podem não ter sido capturadas, embora os pesquisadores tenham usado informações sobre gravidez ou troca de método para corrigir parte desse problema.

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Além disso, variáveis importantes, como idade da menarca, amamentação e histórico familiar de câncer de mama, não estavam disponíveis. “Mesmo assim, análises de viés indicaram que a ausência desses dados não muda o sentido dos resultados”, afirmam os autores.

Eles também lembram que pode haver viés de detecção, já que mulheres que usam anticoncepcionais podem fazer mais exames. No entanto, o aumento do risco permaneceu significativo entre as maiores de 40 anos — faixa etária em que o rastreamento mamográfico é indicado —, sugerindo que o achado não se deve apenas a uma vigilância maior.

O que muda na prática clínica

Apesar do estudo ter uma boa metodologia, e inserir um grande número de casos, o aumento individual de risco é pequeno. Os autores destacam que os anticoncepcionais continuam sendo uma ferramenta importante de saúde pública, reduzindo gravidez indesejada e protegendo contra cânceres de endométrio e ovário.

O que o estudo sugere é um ajuste fino na prescrição, com mais atenção ao tipo de hormônio e ao histórico de cada paciente. Mulheres com predisposição genética ou familiares com câncer de mama, por exemplo, podem se beneficiar de alternativas com perfil hormonal específico.

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“Os contraceptivos hormonais são altamente eficazes e proporcionam benefícios importantes à saúde das mulheres. Nosso objetivo não é desencorajar o uso, e sim oferecer informações que ajudem na tomada de decisão, especialmente para aquelas que já têm risco aumentado de câncer de mama”, afirma Fatemeh Hadizadeh, autora principal do estudo.

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