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“Tomei a pílula do dia seguinte, mas engravidei”

Estima-se que de 0,6 a 2,6% das mulheres que tomam a pílula do dia seguinte após fazer sexo sem proteção ainda engravidam

Por Da Redação
14 nov 2019, 17h26

Você pode nunca ter ouvido falar disso, mas a pílula do dia seguinte, medicamento usado em situações de emergência para evitar uma gravidez após uma relação desprotegida, não é 100% eficaz. E casos de gravidez após ingestão do remédio são bastante comuns.

Rachel (nome fictício), de 34 anos, engravidou há alguns anos depois de ter sido estuprada enquanto tirava um ano sabático no Canadá. Ela tomou a chamada “pílula do dia seguinte” na mesma noite, como parte do protocolo de saúde em casos de estupro. “Dois meses depois, quando descobri que estava grávida — além de ser uma situação bastante traumática —, foi um choque. […] Não lembro de ter havido sequer uma conversa sobre o fato de (a pílula) poder não ser realmente eficaz.””, relembra em entrevista à BBC.

Harriet, teve a mesma surpresa de Rachel: engravidou mesmo após ter seguido “todos os passos corretamente” e ter tomado a pílula “imediatamente”. Ela precisou recorrer ao método porque a camisinha furou durante uma relação consensual. “Não esperava que (a pílula) não funcionasse”, disse à BBC.

A única informação que recebeu sobre uma possível falha da pílula é quando se espera tempo demais para tomar. Como ela tomou dentro do período recomendado de 24 horas, não se preocupou. Mas logo depois, descobriu que estava grávida. “Eu não mudaria o que aconteceu — meu filho tem 15 anos e eu não deixaria de tê-lo. […]. Mas na época… Me fez muito mal sentir que a gravidez foi tão inesperada.”, contou.

Mas afinal, qual é a eficácia da pílula do dia seguinte? Segundo informações da BBC, estima-se que 0,6% a 2,6% das mulheres que tomam o medicamento, engravidam. Isso acontece porque a pílula, inventada em 1974, é reconhecida mundialmente por seu efeito contraceptivo, e não abortivo. Portanto, se a mulher já tiver ovulado antes de tomar a pílula e ainda estiver fértil no momento da relação, ela não irá impedir a gestação.

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“Pílulas contraceptivas de emergência de levonorgestrel [princípio ativo] não são eficazes depois que o processo de implantação no útero teve início, não causando o aborto”, consta no guia oficial da OMS. 

Segundo a OMS, a pílula de emergência tem duas ações centrais. Quando tomada na primeira fase do ciclo menstrual – antes que a ovulação ocorra -, ela atrasa ou impede a liberação do óvulo pelo ovário. Caso o óvulo já tenha sido liberado, ela previne a fertilização ao modificar o muco cervical, deixando-o mais espesso e hostil – assim, os espermatozoides têm a mobilidade afetada e não conseguem chegar a tempo às trompas uterinas.

O problema é que essa ressalva está em letras miúdas nas bula. Portanto, frequentemente passa despercebida.

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Há dois tipos de pílula do dia seguinte: levonorgestrel e acetato de ulipristal. A primeira deve ser tomada até 72 horas (três dias) após o sexo sem proteção. Mas sua faixa de maior proteção está nas primeiras 48 horas após o ato sexual. A segunda opção, funciona em até 120 horas (cinco dias).

Caroline Cooper, especialista em saúde sexual e reprodutiva, ressalta que alguns medicamentos também podem alterar a eficácia da pílula. “São remédios que podem interferir na maneira como o fígado processa a medicação”, explicou à BBC. Entre eles, estão alguns medicamentos contra HIV, remédios para epilepsia e até alguns à base de ervas.

Se a mulher estiver com sobrepeso, a pílula do dia seguinte também pode falhar. De acordo com Caroline, o levonorgestrel tem “muito mais chances de falhar” se a mulher pesa mais de 70 kg ou tem um Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 26, que já é considerado sobrepeso.

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