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Tratar pressão alta pode reduzir – e muito – o risco de demência; entenda

Estudo chinês se soma a uma extensa literatura científica que mostra que a doença é mais prevenível do que se acreditava

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 abr 2025, 15h42

A demência é uma das principais doenças do envelhecimento: em 2019 eram mais de 54 milhões de pessoas acometidas em todo o mundo, número que pode chegar aos 153 milhões até 2050. Agora, pesquisadores jogam luz sobre uma possível maneira de prevenir seu desenvolvimento – e isso dá a partir do tratamento de uma condição de saúde comum. 

De acordo com um artigo publicado nesta segunda-feira, 21, na Nature Medicine, o tratamento da pressão alta pode diminuir consideravelmente o risco de desenvolvimento dessa condição neurológica. “Nosso estudo mostra que a demência é prevenível”, disse o autor do estudo, Jiang He, em entrevista à revista Scientific American. 

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores fizeram um estudo clínico que envolveu cerca de 30 mil indivíduos de mais de 40 anos que não recebiam tratamento para hipertensão em vilarejos chineses. Enquanto 13,5 mil deles receberam o tratamento médico convencional, 14,5 mil foram tratados para controle da pressão alta. O estudo durou cerca de 4 anos. 

O que os resultados mostram é que o manejo correto da hipertensão ao longo desse curto período foi suficiente para reduzir o risco de demência em 15% e o risco de comprometimento cognitivo em 16%. Na prática, enquanto apenas 4,6% dos pacientes no grupo tratado para hipertensão desenvolveram demência, no grupo controle essa porcentagem foi de 5,4%. 

Estudos anteriores já haviam mostrado que isso poderia ocorrer. Um artigo publicado em 2024 no periódico científico Neurology mostrou que pessoas com hipertensão não tratada tinham uma chance 42% maior de desenvolver doença de Alzheimer, uma das principais formas de demência, em comparação com pessoas com a doença controlada. 

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Apesar desse conhecimento, nenhum estudo ainda havia investigado a efetividade do tratamento para hipertensão em prevenir o desenvolvimento de demências e comprometimento cognitivo. “Este é um estudo marcante, com uma amostra muito grande e um efeito robusto”, disse Masud Husain, professor de neurologia da Universidade de Oxford, em comunicado. “É um alerta para tratar a pressão alta de forma intensiva, não apenas para proteger o coração, mas também o cérebro.”

Especialistas destacam que esse foi o efeito observado ao longo de apenas 4 anos, mas que o tratamento a longo prazo pode ter um efeito ainda mais pronunciado, o que precisa ser investigado em pesquisas complementares. Novas investigações também devem avaliar se o mesmo efeito também é observado em outras populações. 

Como prevenir demência?

À medida que a população envelhece e os estudos avançam, a ciência descobre novas maneiras de prevenir a demência. Um estudo da Universidade de Stanford, também publicado na Nature, revela que a vacina contra o herpes-zoster é capaz de reduzir o risco em surpreendentes 20%. Já uma pesquisa brasileira mostrou que escolaridade e a saúde mental tem um grande potencial na prevenção, em especial em países desenvolvidos. 

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Hoje, o Brasil, sozinho, conta com cerca de 2,71 milhões de pessoas diagnosticadas com demência, número que pode se aproximar dos 6 milhões em 2050. Por isso a prevenção é tão importante. Algumas estratégias, apontam especialistas, têm lastro científico nesse esforço. São elas: 

  • Aprendizado constante: já está muito bem estabelecido entre os profissionais que a educação é um importante fator protetor para demências, portanto, aprender coisas novas é uma boa maneira de prevenir o desenvolvimento dessas condições
  • Participação social: a solidão se mostrou um fator importante para o declínio cognitivo, então estão estar envolvido em grupos sociais também pode ser um fator protetivo importante
  • Cuidado com doenças crônicas: as doenças metabólicas como diabetes, hipertensão e obesidade estão muito relacionadas a demências, então preveni-las é uma forma relevante de evitar doenças neurodegenerativas
  • Saúde auditiva e visual: pesquisas recentes mostram que a perda da audição e da visão podem ser um fator de risco para demências
  • Estilo de vida saudável: fatores como alimentação e exercícios físicos são essenciais para manter um bom funcionamento do organismo e para evitar grande parte dos outros fatores de risco relacionados ao Alzheimer
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