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Tudo o que você precisa saber sobre o sarampo

No Brasil, há 3 surtos de sarampo, em São Paulo com 363 casos, seguido por Pará (53) e Rio de Janeiro (11). A única forma de prevenção é através da vacina

Por Letícia Passos
24 jul 2019, 16h16

Em 2018, o Brasil registrou mais de 10.000 casos de sarampo. Os estados com maior número de casos foram Amazonas e Roraima, cujos surtos estavam associados à importação do vírus que circula na Venezuela. O último registro de novos casos nesse período foi no início de dezembro. Agora, a doença voltou a preocupar. Segundo dados do Ministério da Saúde, até 18 de julho, foram confirmados 561 casos de sarampo no Brasil. Desta vez, o centro da epidemia é São Paulo.

Em todo o estado foram registrados 484 casos da doença – dos quais 75% (363 casos) estão concentrados na capital paulista. Entre os casos, 70 são autóctones. Ou seja, foram contraídos dentro do município. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil não registrava casos autóctones desde o ano 2000.

Também há surto da doença no Pará (53) e Rio de Janeiro (11). Outros estados que registram casos de sarampo são Minas Gerais (4), Amazonas (4), Santa Catarina (3) e Roraima (1), segundo último boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde. 

A circulação do vírus do sarampo no Brasil ocorre desde 2018, o que levou o país a perder, em fevereiro, o certificado de país livre da doença, conferido em 2016 pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS).

São Paulo

No surto que ocorre em São Paulo, a população mais afetada está entre 15 e 29 anos – representando 43,7% dos casos. De acordo com especialistas, esse público está mais vulnerável à doença porque, no passado, a vacinação era feita aos 9 meses através de uma dose única. A dupla dose da vacina passou a ser disponibilizada a partir de 2003.

“Agora sabe-se que para que a proteção seja duradoura, o indivíduo precisa de pelo menos duas doses da vacina. Por causa disso, os indivíduos nessa faixa etária perderam a imunidade contra a doença por terem recebido apenas uma dose”, explica Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Jr., da Sociedade Paulista de Infectologia.  

Por causa disso, está sendo realizada um campanha de vacinação cujo público-alvo é a população nessa faixa etária. No entanto, a campanha, que começou no dia 10 de junho, atingiu apenas 6% do público-alvo. Para melhorar a cobertura, a Prefeitura de São Paulo firmou parceria com a Secretaria de Estado da Saúde para que a imunização seja realizada nas escolas estaduais na volta às aulas. A vacina também está sendo oferecida pelos batalhões da Polícia Militar e estações de metrô e trem. 

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Sarampo

O que é?

O sarampo é uma doença infectocontagiosa grave, que pode ser transmitida pela fala, tosse e espirro. 

Por que a doença voltou ao Brasil?

No ano passado, o vírus voltou a circular no Brasil, principalmente na região Norte, trazido por imigrantes venezuelanos. Ao encontrar uma grande quantidade de pessoas não imunizadas, houve o início do surto. Para uma pessoa ser considerada imunizada contra o sarampo, são necessárias duas doses da vacina.

Em 2017, a cobertura vacinal da primeira dose, cujo imunizante aplicado é o tríplice viral, que protege não só contra o sarampo, mas também contra caxumba e rubéola, foi de 85,2%. Já a segunda dose, a tetra viral, que, além da imunização contra as doenças citadas, confere proteção contra a catapora, foi de apenas 69,9%.

Especula-se que o surto atual, localizado em São Paulo, tenha começado em fevereiro dentro de um cruzeiro em Santos. A embarcação saiu da Europa e percorreu toda a costa brasileira. Na época, 21 pessoas contraíram o vírus. Ou seja, acredita-se que o vírus tenha vindo da Europa. No Rio de Janeiro, onde também há surto, um caso na capital fluminense foi associado ao mesmo cruzeiro. Os outros casos permanecem em investigação.

Quais são os sintomas? 

Os sintomas do sarampo incluem indisposição inicial (com duração de três a cinco dias), febre alta (acima de 38,5 graus), mal-estar, corizaconjuntivite, tosse, falta de apetite e exantema (erupções cutâneas vermelhas). Nesse período, manchas brancas podem ser observadas na face interna das bochechas. Já as manchas vermelhas na pele aparecem inicialmente atrás da orelha e se espalham para a rosto, pescoço, membros superiores, tronco e membros inferiores. 

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Quais são as complicações? 

O sarampo apresenta complicações que, em casos graves, podem até mesmo levar à morte, particularmente em crianças desnutridas e menores de 1 ano de idade. Entre as complicações estão: otite média aguda, pneumonia bacteriana, laringite e laringotraqueite. Em casos mais raros, há manifestações neurológicas, doenças cardíacas, miocardite, pericardite e panencefalite esclerosante subaguda (complicação rara que acomete o sistema nervoso central após sete anos da doença). 

Segundo o Ministério da Saúde, as complicações do sarampo podem deixar sequelas, especialmente se contraído na infância, incluindo cegueira, surdez, diminuição da capacidade mental e retardo do crescimento.

Como é feito o tratamento? 

Não existe tratamento específico para o sarampo. O que se pode fazer é tratar os sintomas com o uso de antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores. 

Como se prevenir?

Segundo o Ministério da Saúde, a única forma de prevenir a doença é por meio da vacina. “O sarampo é uma doença altamente transmissível. Estima-se que uma pessoa com sarampo possa contaminar entre 12 e 18 outras pessoas. Ou seja, o risco do indivíduo que se infecta é muito alta. Por isso é importante se vacinar”, esclarece Oliveira Jr. 

O que é cobertura vacinal, por que ela está baixa e qual é a taxa ideal?

Cobertura vacinal é o percentual da população que está vacinada. Para manutenção da erradicação, eliminação ou controle de doenças imunopreveníveis, ou seja, que podem ser evitadas com vacinação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cobertura vacinal seja de, no mínimo, 95%.

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Graças ao Programa Nacional de Imunização, em vigor desde 1973, o Brasil sempre teve vacinação considerada alta (acima de 90%) e era tido como exemplo na erradicação de doenças. Em 1994, o país recebeu da OMS o certificado de eliminação da poliomielite e em 2016, do sarampo e da rubéola. Porém, nos últimos anos esse cenário se inverteu e a taxa de vacinação caiu.

Especialistas atribuem a queda na taxa de vacinação no Brasil a diversos fatores incluindo o movimento antivacina – pessoas que disseminam fatos falsos para impedir a vacinação -, o sucateamento da saúde pública e a falsa sensação de segurança da população, causada pela erradicação dessas doenças.

Quem precisa se vacinar? 

De praxe, a imunização contra o sarampo acontece na infância. A primeira dose da tríplice viral (caxumba, sarampo e rubéola) deve ser dada a crianças de 12 meses de idade. Já a segunda, é recomendada aos 15 meses de vida.

Em São Paulo, a campanha de vacinação foi estendida para indivíduos entre 15 e 29 anos na capital paulista, Barueri, Carapicuíba, Diadema, Guarulhos, Mairiporã, Mauá, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Taboão da Serra e e Osasco. Para esse público, a recomendação do Ministério da Saúde é de duas doses da tríplice viral. Uma dose da vacina também está indicada para pessoas de 30 a 49 anos de idade.

“Se a pessoa não tem certeza ou a comprovação de que tomou as duas doses da vacina, ela deve se vacinar, independente da idade. Para quem não tem nenhuma dose ou não sabe se recebeu pelo menos uma, a recomendação é receber as duas doses: uma agora – o mais rápido possível – e a segunda pelo menos 30 dias depois da primeira dose”, orienta Oliveira Jr. 

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O imunizante pode ser encontrado em postos de saúde e batalhões da polícia militar. Além disso, desde o dia 17 de julho, doses da vacina têm sido disponibilizadas em postos volantes instalados em estações de metrô e trem da capital.

Quem não precisa se vacinar?

Aqueles que estão com a vacinação em dia – e tem como comprovar – não precisam do reforço. O mesmo vale para quem já teve sarampo, pois já possui os anticorpos para evitar o contágio. A vacina não é recomendada para crianças menores de 6 meses e pessoas imunocomprometidas (indivíduos com HIV/Aids ou com câncer, por exemplo). A gestante que não tenha se vacinado deve esperar para ser imunizada após o parto.

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