A vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela empresa chinesa CanSino Biologics é segura e capaz de induzir resposta imune no organismo, diz pesquisa. De acordo com uma análise publicada nesta segunda-feira, 20, na revista científica The Lancet, o estudo fase 2 constatou que mais de 90% dos participantes apresentaram células T ou anticorpos 28 dias após a vacinação.
A pesquisa foi realizada com 508 pessoas na China, em abril deste ano, para avaliar a segurança e imunogenicidade da vacina. Os participantes foram divididos em três grupos: 253 pessoas receberam uma dose alta da vacina, 129 receberam uma dose baixa e 126 receberam placebo. Cerca de 60% dos participantes tinham entre 18 e 44 anos, 26% entre 45 e 54 anos e 13% tinham 55 anos ou mais.
ASSINE VEJA
Clique e AssineLogo após receberem o imunizante, os voluntários ficaram 30 minutos em observação para monitorar possíveis reações adversas imediatas. Em seguida, foram acompanhados por 28 dias para qualquer reação adversa sistêmica ou no local da injeção. Amostras de sangue foram coletadas imediatamente antes da vacinação e 14 e 28 dias após a imunização para medir a resposta imune.
Os resultados mostraram que 90% dos participantes no grupo que recebeu a dose alta e 88% daqueles que receberam a dose baixa da vacina apresentaram células T no dia 28 após a vacinação. A vacina induziu uma resposta de anticorpos, incluindo os neutralizantes, capazes de impedir a entrada do vírus nas células, em 96,5% dos participantes, considerando a média nos grupos.
As principais reações adversas relatadas foram febre, fadiga e dor no local da injeção. Essas reações foram mais comuns nos participantes que receberam a dose mais alta da vacina. Comparado com a população mais jovem, os participantes mais velhos geralmente tiveram respostas imunes significativamente mais baixas.
“Como os idosos enfrentam um alto risco de doenças graves e até morte associados à infecção por Covid-19, eles são uma população-alvo importante para uma vacina contra Covid-19. É possível que uma dose adicional seja necessária para induzir uma resposta imunológica mais forte na população idosa, mas outras pesquisas estão em andamento para avaliar isso”, disse o professor Wei Chen, do Instituto de Biotecnologia de Pequim.
Os autores ressaltam que o estudo acompanhou os participantes apenas por 28 dias e nenhum dado sobre a durabilidade da imunidade induzida pela vacina está disponível neste estudo. Além disso, nenhum participante foi exposto ao vírus SARS-CoV-2, nome oficial do novo coronavírus, após a vacinação, portanto, não é possível determinar a eficácia da vacina candidata. Para isso, são necessários estudos fase 3.
Testes no Brasil
Nesta segunda-feira, 20, o governo do estado de São Paulo anunciou que os testes fase 3 com outra vacina chinesa, a desenvolvida pela Sinovac Biotech, começarão na terça-feira, 21. As doses do imunizante desembarcaram no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, nessa madrugada.
O teste começará no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, onde 890 voluntários receberão uma dose. Em todo o Brasil, 9.000 profissionais da saúde participarão desta fase final de testes, em centros localizados em diversos estados brasileiros.
A estimativa é que o estudo seja concluído em 90 dias. “Os pesquisadores do Hospital das Clínicas vão analisar os voluntários em consultas marcadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir todo o estudo da fase três de testes da Coronavac em até 90 dias”, afirmou Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.
Ainda segundo Covas, se o estudo for concluído até o final deste ano, “podemos ter essa vacina disponível para a população brasileira no início do próximo ano. Quando falo disponível eu digo que com o nosso acordo com a Sinovac nós temos 120 milhões de doses vacinais, o que seria suficiente para vacinar 60 milhões de brasileiros”.