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Vacina indiana para setor privado tem custo inicial de cerca de 300 reais

Tratativas de clínicas privadas é importar 5 milhões de doses em um primeiro momento e chegar a até 20 milhões de ampolas enviadas ao país

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 fev 2021, 12h13

A farmacêutica indiana Bharat Biotech negocia com empresas privadas brasileiras a venda de uma vacina anti-Covid por um preço inicial de cerca de 30 dólares a dose. Na cotação de hoje, o valor das duas doses necessárias para a imunização contra o novo coronavírus bateria os 327 reais, mas os custos para o consumidor final ainda estão sendo calculados – para mais. Segundo empresários envolvidos na negociação, a este valor terão de ser acrescidos encargos tributários e de logística para transportar as doses da Índia até o Brasil, um alto seguro para a carga, considerada um dos bens mais valiosos do momento, além de despesas de mão-de-obra das clínicas que venderiam os fármacos. O valor final ainda está sendo calculado e será mantido em sigilo para não atrapalhar as negociações.

Para que o biofármaco seja comercializado no Brasil, uma das exigências é que haja registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Empresários que tentam importar a indiana Covaxin traçaram dois cenários para tentar agilizar o processo: um é iniciar o mais rápido possível os ensaios clínicos de fase três com brasileiros, mecanismo que permitiria pedir em um futuro próximo aprovação para uso emergencial do produto. Em outra frente, eles contam com a possibilidade de a Índia anunciar o registro definitivo do imunizante no início do mês de março e, com isso, forçar que as autoridades sanitárias brasileiras também autorizem sua utilização no Brasil. Na sexta-feira 29, uma reunião entre representantes da farmacêutica e interlocutores de clínicas privadas no Brasil confirmou o mês de abril como a data provável da remessa das doses.

Um primeiro rascunho das negociações estabeleceu que os valores de importação das doses seriam definidos conforme o montante que cada clínica pretenda comprar da Bharat. A base inicial das tratativas, ainda sujeita a adaptações, considera que as clínicas poderiam encomendar entre 2.000 e 400.000 ampolas. A negociação é típica de mercado: quanto mais doses, mais barata cada uma ficaria. A depender do montante pré-reservado por clínica, a unidade poderia ser importada por valores que variam de cerca de 32 dólares até pouco mais de 40 dólares a unidade. A Bharat Biotech prevê vender por 15 dólares a dose de sua vacina se o comprador não for privado, e sim um governo.

Reservadamente, o próprio Executivo brasileiro avalia incorporar a Covaxin no Plano Nacional de Imunizações (PNI) com a compra de 40 milhões de doses. No setor privado, a projeção das clínicas particulares é conseguir importar até abril 5 milhões de doses, o que contemplaria 2,5 milhões de pacientes que poderiam receber a vacina se tiverem indicação médica. As tratativas continuarão até que se chegue ao patamar de 20 milhões de doses compradas da Índia. A cifra, segundo empresários do setor, é equivalente ao porcentual de pessoas que anualmente pagam por vacinas contra a influenza.

Para dar vazão à alta procura, a Bharat Biotech está finalizando um segundo parque de produção de seu imunizante, com capacidade estimada de 300 milhões de doses por ano.

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