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Vale a pena trocar turno de alunos com dificuldade de atenção? Estudo revela

Pesquisa com mais de 2 mil brasileiros mostra que turno da tarde só impulsiona o rendimento de alunos com poucos ou nenhum sintoma de TDAH

Por Maria Fernanda Ziegler, da Agência Fapesp
Atualizado em 1 ago 2025, 20h37 - Publicado em 1 ago 2025, 18h25

Estudantes que frequentam aulas à tarde costumam ter um desempenho escolar melhor que os do turno matutino, apontam diversas pesquisas. Isso se deve à maior sincronicidade entre o horário das aulas e o relógio biológico dos alunos. No entanto, um estudo com crianças e adolescentes revelou que essa premissa não se estende a estudantes com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sintomas da condição. Para esse grupo, trocar o turno escolar não traz benefícios significativos no rendimento escolar.

A investigação, com 2.240 estudantes brasileiros entre 6 e 14 anos de idade, avaliou dados de desempenho em leitura e escrita, eventos escolares negativos (suspensão, repetência e evasão) e sintomas de TDAH, tanto em análises pontuais quanto ao longo de três anos.

“Os resultados indicam que a mudança de turno não deve ser considerada uma intervenção eficaz no tratamento de TDAH. Para crianças com déficit de atenção, estudar de manhã ou à tarde não altera tanto o desempenho acadêmico, pois as dificuldades permanecem as mesmas”, afirma Maurício Scopel Hoffmann, chefe do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Santa Maria e pesquisador do Instituto de Psiquiatria do Desenvolvimento para Infância e Adolescência (INCT).

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A comparação entre estudantes com e sem TDAH e que estudam nos dois turnos revelou que estudar à tarde melhora o desempenho apenas de alunos com poucos ou nenhum sintoma de TDAH. Já o turno da manhã mantém um rendimento mais baixo para todos os alunos, sem piorar a situação de quem tem mais dificuldades de atenção.

O estudo, publicado na revista European Child & Adolescent Psychiatry, integra o Brazilian High Risk Cohort Study (BHRCS), um estudo epidemiológico apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que já avaliou mais de 2,5 mil estudantes de 6 a 24 anos de idade em riscos para transtornos mentais nas cidades de Porto Alegre e São Paulo.

Como contornar as dificuldades

De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que 7,6% das crianças brasileiras tenham o transtorno do neurodesenvolvimento. Os principais sintomas são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Estudos mostram que as crianças com TDAH podem apresentar um ritmo de aprendizagem mais lento, resultando em dificuldade de leitura, escrita e cálculo.

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Hoffmann explica que algumas medidas não farmacológicas podem contornar as dificuldades das crianças e adolescentes e auxiliá-los no desempenho escolar. “As crianças com TDAH não tratadas vão acumulando problemas ao longo da vida. Além da questão de se machucarem com maior frequência, elas tendem a não aprender no tempo esperado, repetir de ano e romper o círculo social. A dificuldade na escola pode ter um efeito ‘bola de neve’ nesses indivíduos que pode levar a problemas maiores como ansiedade e depressão na vida adulta”, explica o pesquisador.

“Nossa hipótese inicial era de que o turno escolar pudesse modificar a relação entre TDAH e desempenho escolar. No entanto, a partir dos resultados foi constatada a existência de um ‘teto’ para os estudantes com TDAH, ou seja, estudar à tarde não está associado aos benefícios desejados. Os estudantes com o transtorno apresentaram dificuldades de manhã e à tarde. Com isso, infelizmente, alterar o turno de estudos não deve ser considerada uma medida não farmacológica para contornar os efeitos dessa condição”, afirma.

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