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Vila Nova Star, de SP, já está na disputa entre grandes centros de saúde

Com menos de dois anos de existência, o hospital conquistou em tempo recorde espaço inédito entre os profissionais de medicina

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h09 - Publicado em 9 abr 2021, 06h00

Uma provocação grassava em Brasília no fim do século passado: o melhor hospital da cidade era a ponte aérea para São Paulo. A zombaria foi lançada em abril de 1985 com a transferência de Tancredo Neves, em estado grave causado por uma infecção, do Hospital de Base para o Instituto do Coração. Desde então, procurar leitos na capital paulista virou norma para quem pode pagar por uma medicina de ponta. Nos últimos anos, a disputa mais acirrada por pacientes ilustres foi travada entre os hospitais Albert Einstein e o Sírio-Libanês. Há, agora, um novo personagem, uma celebrada terceira via: o Vila Nova Star, da Rede D’Or, inaugurado em 2019, pouco antes da pandemia.

Com noventa leitos — cerca de 80% menos em relação aos dos concorrentes —, o novo endereço conquistou em tempo recorde espaço inédito entre os profissionais de medicina. A potência financeira por trás foi decisiva — a Rede D’Or, comandada pelo milionário e também médico Jorge Moll, reúne 52 hospitais espalhados por nove estados brasileiros. O Vila Nova, a joia da coroa, recebeu um aporte inicial em torno de 350 milhões de reais. Deu-se o salto decisivo com a contratação de médicos reputados no mercado. Nomes fortes escolheram trocar décadas de trabalho nos hospitais já consagrados para começar do zero. Entre eles, o oncologista Paulo Hoff (onze anos de Sírio-Libanês), a cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar (dez anos na instituição) e o cirurgião Antônio Luiz Macedo (41 anos de Einstein). Especula-se que, além de salários, alguns recebam luvas. Mas há algo que lhes interessou, para além do dinheiro, naturalmente: a chance de trabalhar em um centro de excelência desde o minuto inaugural. Diz Antônio Macedo: “O Einstein é um hospital maravilhoso, mas foi interessante e desafiador começar em um lugar em formação”.

HALL DA FAMA - Anitta: a cantora integra a lista de pacientes ilustres -
HALL DA FAMA - Anitta: a cantora integra a lista de pacientes ilustres – (Reprodução/Instagram)

A troca mais alardeada foi, sem dúvida, a de Paulo Hoff, o primeiro grande nome da linha de frente a ser levado por Moll, ainda quando o prédio estava na planta. Na época chegou-se a falar nos bastidores que ele passaria a ter salário próximo de 1 milhão de reais, o que o tornaria o médico mais bem pago do Brasil — a cifra nunca foi confirmada por ele. Hoff, que coor­de­na uma equipe de 300 oncologistas, palpitou da estrutura à montagem de equipamentos do prédio de 21 andares. Decidiu ampliar as salas cirúrgicas (que medem espantosos 70 metros quadrados), tornou os quartos mais confortáveis, com televisões de 65 polegadas e a disponibilidade de tablets, por meio dos quais o paciente controla a temperatura e a iluminação do ambiente, faz chamadas por vídeo para a enfermaria e tem informações sobre os próximos exames a ser feitos. Recentemente, ele pediu a compra de um dos aparelhos mais sofisticados e caros de radioterapia, o único no Brasil. O Cyberknife (5 milhões de dólares) é sensível aos movimentos do corpo provocados pela respiração do paciente, o que o torna extremamente preciso para atingir o tumor, sem afetar órgãos sadios ao redor da célula cancerígena. A exatidão encurta o tempo de tratamento de diversos tipos de câncer para até cinco dias — o convencional leva em torno de um mês.

De cada dez pacientes do Vila Nova, cerca de três são de outros estados. Mas, diferentemente dos tempos de Tancredo Neves, pouquíssimos de Brasília. O grupo D’Or inaugurou uma unidade na capital federal, o DF Star. Há ainda uma terceira unidade com padrão semelhante no Rio de Janeiro, com movimento interessante: os médicos de São Paulo é que vão para lá quando é preciso. “O paciente quer uma boa infraestrutura, mas ele escolhe o hospital pelo médico”, diz Ludhmila Hajjar, referência no país no tratamento de Covid-19 e que recusou convite de Jair Bolsonaro para ser ministra da Saúde. Ludhmila está entre as que mais atraem pacientes de outras instituições. Entre eles, as cantoras Anitta e Iza, o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo Dias de Moura Ribeiro e o ex-­ministro da Saúde Eduardo Pazuello. “Estamos muito bem, mas ninguém tem a ilusão de ser a única referência em saúde”, diz Hoff. “Os hospitais todos são fundamentais.” A briga é saudável. Tome-­se como exemplo a evolução científica que brota do confronto de três grandes centros americanos de medicina: a Clínica Mayo (cuja sede fica em Rochester, no Minnesota), a Johns Hopkins (em Baltimore) e a Brigham Women (Boston). O Brasil só tem a ganhar com a boa rivalidade científica. Em tempo: o setor do Vila Nova destinado a Covid-19, com 22 leitos, tem 100% de ocupação.

Publicado em VEJA de 14 de abril de 2021, edição nº 2733

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