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“Carro não é indispensável”, diz escritor e podcaster Paris Marx

Autor de 'Estrada para Lugar Nenhum' critica as promessas vazias do Vale do Silício para os problemas de mobilidade urbana

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 ago 2025, 08h00

Os carros autônomos ainda hoje são vendidos como solução contra o trânsito e acidentes, mas ainda não se firmaram. Que lição tirar dessa demora? O Vale do Silício não entende os verdadeiros desafios da mobilidade urbana. Essas tecnologias são pensadas para manter o modelo atual de transporte individual, que é lucrativo para as empresas, mas disfuncional para as cidades. Em vez de investir em sistemas coletivos, acessíveis e sustentáveis, gastam bilhões de dólares em promessas futuristas que não saem do chão — como os táxis aéreos que seriam usados na Olimpíada de Paris.

O carro, seja o que conhecemos hoje, a combustão ou elétrico, seja o veículo sem motorista, já não é fundamental? Seguimos presos à ideia de que o carro é indispensável. Não é. Ele moldou, é verdade, nosso imaginário sobre o que é ser livre e bem-sucedido. No século XX, o carro virou sinônimo de progresso individual, e muitas cidades foram literalmente desenhadas para ele — como Brasília, que privilegia o automóvel e dificulta a vida de quem anda a pé ou depende de transporte público. Isso gerou exclusão, congestionamento e emissões de poluentes.

Devemos, portanto, desdenhar de propostas como os eVTOLs, os chamados “carros voadores”, e outras ideias inovadoras? Essas propostas criam a ilusão de inovação, mas na prática evitam que enfrentemos mudanças estruturais. Em vez de melhorar o que já existe — como trens e ônibus —, preferem vender ideias mirabolantes que mantêm o foco no transporte privado. É um tipo de espetáculo tecnológico que distrai da necessidade de políticas públicas sérias.

O que fazer? Desconfiar das chamadas cidades inteligentes. Muitas vezes, elas são apenas plataformas para coleta de dados e vigilância, sob o pretexto de eficiência. Tecnologias são vendidas como neutras, mas reforçam desigualdades. O problema não é usar tecnologia, e sim colocá-la a serviço do bem-estar individual, e não coletivo. Precisamos pensar em cidades justas, não apenas inteligentes.

Há esperança? Sim — e ela vem de baixo. Movimentos por mobilidade ativa, cooperativas de entrega, cidades que investem em transporte público de qualidade são iniciativas locais, mas que mostram caminhos possíveis. O futuro não precisa ser distópico, como se costuma dizer.

Publicado em VEJA de 8 de agosto de 2025, edição nº 2956

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