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“Eles são humanos”: o autor no comando da biografia de Elon Musk

A atividade de Walter Isaacson, de 71 anos, extrovertido e risonho, é feita muito mais de transpiração do que de inspiração

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 09h59 - Publicado em 14 set 2023, 19h00

Foi o próprio Elon Musk quem, nas redes sociais, anunciou há alguns meses: o jornalista americano Walter Isaacson preparava sua biografia — é um erro, contudo, imaginar que Elon Musk, a obra, tenha um quê de chapa-­branca. Não tem. O vaidoso Musk intuía que se deixar acompanhar por Isaacson e conceder horas de depoimentos o ajudaria a escrever a obra “definitiva”, atalho para muito ruído e comentários, fama multiplicada — e dinheiro. O empresário sabia muito bem para quem abriria sua vida. Isaacson é hoje o mais reputado biógrafo do mundo. Fascinado por personagens que “se rebelaram contra o conhecimento estabelecido e construíram coisas novas”, ele já iluminou as vidas de Leonardo da Vinci, Steve Jobs, Benjamin Franklin, Albert Einstein e Henry Kissinger, o diplomata americano do tempo em que se vivia na delicadeza da corda bamba entre Estados Unidos, União Soviética e China. De Kissinger, aliás, ele tomou emprestado uma frase que o move: “Como professor, tendia a pensar na história dirigida por forças impessoais. Mas quando você a vê na prática, percebe a diferença que as personalidades fazem”. Foi fácil, portanto, cutucar o ego de Musk, sempre em busca de afagos.

Difícil foi levar tudo para as páginas, porque a atividade de Isaacson, de 71 anos, extrovertido e risonho, é feita muito mais de transpiração do que de inspiração. Ele devora bibliotecas, rigoroso ao consultar fontes de informações primárias. Vibra ao encontrar relação entre as vidas íntimas e o caminhar da sociedade. Trabalha de nove da noite até 2 da madrugada. Organiza minuciosos bancos de dados de modo a cruzar informações. A conduzi-lo, uma trilha sonora que chama de funk de Nova Orleans, especialmente pendurada em Wynton Marsalis e Jon Batiste. Diz usar os recursos de concisão e clareza do tempo em que dirigiu a revista Time e depois a CNN como ferramenta de construção dos textos. O segredo: “Ao escrever biografias, seja de Benjamin Franklin, seja de Einstein, descobre-se algo incrível: eles são humanos”.

Publicado em VEJA de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859

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