Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Empresas aéreas investem em uma nova era de voos supersônicos comerciais

Quase duas décadas após a despedida do Concorde, o mercado volta a se aquecer

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h47 - Publicado em 4 jun 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • VELOZES E LUXUOSOS - O projeto da Bombardier: com dezenove lugares, o Global 8000 passará de 1 000 quilômetros por hora -
    VELOZES E LUXUOSOS - O projeto da Bombardier: com dezenove lugares, o Global 8000 passará de 1 000 quilômetros por hora – (./Divulgação)

    Em 21 de janeiro de 1976, o mundo assistiu com espanto ao embarque inaugural do Concorde, de Paris rumo ao Rio de Janeiro, com escala em Dacar, no Senegal. O Pássaro Branco, como ficou conhecido o jato operado por Air France e British Airways, foi o primeiro avião comercial da história a voar em escala supersônica, ou seja, acima da velocidade do som. O trajeto até o Galeão durou apenas seis horas, metade do usual. Durante décadas, não houve nada mais glamoroso do que voar de Concorde, regado a champanhe e caviar. O encanto, porém, foi se perdendo à medida que os custos de manutenção e das passagens subiam. Em 2003, três anos após um acidente que deixou 113 mortos na capital francesa, o Concorde deixou o mercado para entrar na história. Quase duas décadas depois, há agora uma dezena de projetos que visa a retomar a corrida supersônica na aviação civil.

    A boa nova vem do Canadá. A fabricante Bombardier, uma concorrente da Embraer, anunciou que um protótipo de seu jato executivo Global 8000 fez um voo supersônico pela primeira vez, utilizando combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês). No teste, o avião chegou a Mach 1,015, velocidade estimada em 1 080 quilômetros por hora. Mach é a unidade que representa a velocidade do som e pode variar de acordo com a temperatura do ar e a altitude. No nível do mar, o Mach 1 equivale a 1 235 quilômetros por hora. O jatinho da Bombardier custará a partir de 78 milhões de dólares e deverá entrar em serviço em 2025. Será, segundo a empresa, a aeronave executiva mais rápida do planeta, mas não voará em ritmo supersônico: o plano é chegar a Mach 0,94 (1 160 quilômetros por hora), metade do que fazia o Concorde — ainda assim, o suficiente para reduzir de sete para cinco horas um voo de Paris a Nova York.

    Tempo é dinheiro e o Bombardier Global 8000 é apenas um dos projetos milionários em curso. Em 2021, a United Airlines agitou o mercado ao firmar a compra de dezessete jatos e revelar a possibilidade de incluir rotas supersônicas a partir de 2029. Um dos trabalhos mais consolidados é o da Boom Supersonic, empresa com sede no Colorado, nos EUA, cujo projeto Overture é financiado pelo grupo Virgin, do bilionário Richard Branson, um entusiasta dos céus que, em 2021, viajou ao espaço em seu foguete. O Overture deve seguir os moldes do Concorde: acomodar um número alto de passageiros (entre 65 e 88 pessoas) e voar acima de Mach 2. Novos testes devem ser realizados ainda neste ano.

    arte Jatos

    Continua após a publicidade

    Algumas empresas têm projetos mais ambiciosos. A Boeing trabalha há anos em um modelo hipersônico (ou seja, voos em Mach 5) e agora tem a concorrência da startup americana Hermeus, cujo avião Quarterhorse é desenvolvido junto à Força Aérea americana por 60 milhões de dólares. Houve algumas baixas significativas na disputa, como o colapso da startup Aerion, que anunciou seu fechamento no ano passado, meses depois de revelar planos para um avião Mach 4.

    Há uma série de entraves tecnológicos e legais no ramo supersônico. Um deles diz respeito ao enorme estrondo provocado pela quebra da velocidade do som, que, só deve ocorrer acima de oceanos, não de cidades. Até hoje, apenas aeronaves militares experimentais não tripuladas chegaram a Mach 5. “Do ponto de vista tecnológico, certamente é viável e seguro”, diz Fernando Castro Pinto, professor da Escola Politécnica da UFRJ. “Mas tenho dúvidas de sua aplicação comercial. Haverá pressão social e até ambiental, por causa do preço alto dos combustíveis.” Segundo o especialista, o negócio tende a prosperar caso siga padrões ainda mais exclusivos que os do Concorde: “Imagino algo voltado a bilionários e visando a distâncias maiores, entre Estados Unidos e Ásia, por exemplo”. Um dos entusiastas da nova era é o piloto britânico Mike Bannister, de 73 anos. Após comandar a derradeira viagem do Concorde, cuja passagem custava 90 000 reais, ele viu a filha Amy, então com 10 anos, chorar de tristeza, pois sonhava em pilotar um supersônico. Ela cresceu, seguiu carreira e não desistiu. “Acompanhamos esses projetos com grande entusiasmo. Quem sabe um dia viajaremos juntos, eu e Amy”, disse Bannister a VEJA. O sonho supersônico está mais vivo do que nunca.

    Publicado em VEJA de 8 de junho de 2022, edição nº 2792

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.