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Estudo revela impacto do banimento nas redes sociais pós 6 de janeiro

Remoção de Donald Trump e outros 70 mil usuários resultou em redução da desinformação

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2024, 15h21 - Publicado em 5 jun 2024, 14h55
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  • A responsabilidade das plataformas digitais na desinformação é uma questão que ganhou peso nos últimos anos, com o acirramento da polarização política. Agora, um estudo publicado na Nature revela o impacto positivo que a ação desses meios pode ter no combate à disseminação de informações falsas. 

    Em um artigo publicado nesta quarta-feira, 5, cientistas americanos mostram que o banimento de Donald Trump e outros 70 mil usuários do então Twitter nos dias que se seguiram aos ataques ao capitólio, em 6 de janeiro de 2021, foi suficiente para reduzir o nível de desinformação veiculado na plataforma. 

    “A desplataformização funciona”, afirmou a Veja o diretor do Centro de Democracia Sustentável da Universidade do Sul da Flórida, Joshua Scacco, que não participou do estudo. “Esse artigo mostra que a ação das redes sociais tem, de fato, a capacidade não só de remover o desinformante da frente do seu público, mas também de desorganizar o sistema de desinformação que gira em torno dele – é como retirar o eixo que dá sustentação a um pneu.”

    Como o estudo foi feito?

    Para fazer essa investigação, os autores do estudo acompanharam 599 mil usuários americanos que postaram pelo menos um link durante o ciclo eleitoral de 2020. Desses, 1.361 foram banidos nos dias que se seguiram ao ataque ao Capitólio. Embora eles representem apenas 0,25% do total de usuários, foram responsáveis por 24,13% do conteúdo desinformativo. A mobilização teve consequências: entre junho de 2020 e janeiro de 2021, o banimento de parte dos usuarios resultou em uma redução média de 103 tuítes desinformativos por dia.  

    Outra coisa que a pesquisa mostra é que 26,4% dos usuários que não foram banidos seguiam pelo menos um dos indivíduos que espalhavam noticias falsas. Como resultado, eles retuitaram menos links com informações errôneas, o que dá a dimensão de como a desplataformização pode interromper a cadeia de desinformação.

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    Curiosamente, os usuários que espalharam noticias falsas, mas não foram banidos, deixaram de utilizar o Twitter pouco tempo após a ação da plataforma.

    Como isso influencia a discussão?

    Embora os resultados tenham sido positivos no contexto da comunicação, os números levantam questionamentos sobre quão capazes essas plataformas são de influenciar o debate público. “Como encontrar esse equilíbrio é a pergunta de um milhão de dólares”, diz Scacco. 

    Ele oferece, no entanto, um horizonte. “O debate público sobre a responsabilidade dessas plataformas e o poder dessas entidades privadas precisa crescer”, diz. “Uma saída possível é que existam legislações específicas para elas. Mais importante que isso, contudo, é que as regras que regem os usuários sejam claras para que, quando esse tipo de medida for necessária, ela não seja vista como arbitrária.”

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    Isso se torna ainda mais importante em ano de eleições nos Estados Unidos. De acordo com uma pesquisa do Centro de Democracia Sustentável da Universidade do Sul da Flórida, realizado pouco após os ataques, a maioria dos americanos (72%) acredita que a moderação das redes precisa aumentar.

    Apesar disso, segundo Scacco, desde 2020, a maioria das plataformas de mídias sociais, recuaram das medidas tomadas anteriormente, como restringir o marketing político e banir usuários irresponsáveis.  

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