Os herdeiros de Pablo Picasso (1881-1973) querem entrar na onda do mundo digital usando obras do antepassado famoso como veículo. Marina Picasso, neta do pintor e escultor espanhol, e seu filho Florian querem converter uma cerâmica nunca antes exposta publicamente em 1.010 peças de arte digital para depois vendê-las. São os chamados “ativos criptográficos”, nova tendência tecnológica do mundo das artes.
Marina e Florian estão de olho nos chamados tokens não fungíveis, ou NFTs, que transformaram artistas muito menos conhecidos (e talentosos) e também foram criticados como esquema fraudulento. Funciona mais ou menos assim: um NFT é um ativo único. Isso significa que tem seu próprio valor, diferentemente de moedas correntes ou bitcoins – que têm valor fixo. É como uma casa ou um carro antigo. O blockchain, outra tecnologia relacionada, completa o pacote, fornecendo à peça digital um certificado único.
A peça que a neta e o bisneto de Picasso transformarão em NFT’s é uma espécie de saladeira de cerâmica data de outubro de 1958. “É um trabalho que representa um rosto e é muito expressivo”, disse Marina à agência de notícias Associated Press. “É alegre, feliz. Representa a vida… É um daqueles objetos que fizeram parte da nossa vida, das nossas vidas íntimas – a minha vida com os meus filhos.”
Em março, a Sotheby’s realizará um leilão com um NFT exclusivo e a tigela de cerâmica. Parte da renda será doada para uma instituição de caridade que ajuda a superar a escassez de enfermeiros e para uma organização não governamental que ajuda a reduzir o carbono na atmosfera. Os NFTs também virão com músicas montadas por Florian Picasso, que é DJ e produtor musical, com o compositor John Legend e o rapper Nas.