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Na pandemia, golpes na internet aumentam; o surto é isca dos criminosos

Com o acesso da população ao mundo exterior praticamente reduzido aos meios digitais, os ataques virtuais se multiplicam

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h32 - Publicado em 22 Maio 2020, 06h00
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  • Se, no mundo real, os números de alguns crimes de rua diminuíram desde o endurecimento da quarentena, pelo simples fato de que há menos pessoas saindo de casa — no Rio de Janeiro, para citar um caso, houve queda de 52% nos assaltos —, no universo virtual ocorre o contrário. Nos últimos meses, em que a internet se tornou praticamente a única via de contato com o exterior, a quantidade de golpes on-­line disparou. Os hackers estão ativíssimos. Eles se aproveitam do interesse por temas ligados ao surto para fazer disso uma isca e assim obter dados das vítimas que lhes permitam, por exemplo, sequestrar cartões de crédito ou contas de apps como o WhatsApp.

    Entre março e abril, o total de ataques virtuais em território nacional saltou de 14 000 para 105 000, um crescimento de 86,6%. Para se ter uma ideia, em março foram mais de 20 milhões de acessos a links maliciosos. Centenas de links podem levar a um só site falso, numa estratégia utilizada pelos cibercriminosos para que o golpe permaneça ativo mesmo após um dos endereços ser desmascarado, alcançando desse modo um contingente maior de possíveis vítimas.

    Um estudo da empresa de segurança digital americana Palo Alto Networks identificou uma página maliciosa que oferecia suposto monitoramento em tempo real do número de casos de Covid-19 em todo o planeta. Uma vez acessada, no entanto, a plataforma, que espelhava um painel verdadeiro, infectava o computador do usuário com o malware AZORult, programado para roubar dados e abrir o sistema a outros vírus. Essa prática de hackeamento aumentou mais de 350% no período de pandemia, de acordo com a consultoria russa Kaspersky, especializada em segurança na web.

    números-crimes-cibernéticos

    É verdade que, quando se consideram todas as categorias de golpe, em todos os países, houve uma queda de 17% no índice de ataques, o que se explica pelo fato de que, nas nações mais pobres, estabelecimentos como cibercafés, os preferidos pelos hackers, se encontram de portas cerradas. Por outro lado, foi contabilizado um crescimento de 50% no registro de sites falsos que são usados nas investidas maliciosas.

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    De volta ao Brasil, antes mesmo de o governo federal liberar o cadastro para os beneficiários do “auxílio emergencial”, criminosos criaram uma página fake que prometia valores entre 200 e 1200 reais. “A plataforma apropriou-se de elementos visuais de canais governamentais e conseguiu ser acessada mais de 11 milhões de vezes”, afirma o engenheiro Emilio Simoni, diretor da startup dfndr lab, que monitora ataques ambientados na internet. Ainda segundo a projeção empregada por Simoni, a mesma temática foi utilizada em tentativas de clonagem de contas no WhatsApp, que ao longo do mês de abril afetaram 364 000 brasileiros.

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    Conferir a origem dos links continua sendo a recomendação mais eficaz para se prevenir dos golpes. Entretanto, diante da enorme diversidade de ataques, estuda-se a possibilidade de que companhias responsáveis por sistemas operacionais, como Microsoft e Google, assumam, com a autorização do usuário, o comando dos bloqueios de tais links. Seria uma vacina e tanto contra esse outro tipo de surto.

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    Publicado em VEJA de 27 de maio de 2020, edição nº 2688

     

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