O carioca Lucas Scherpel, aluno do curso de sistema de informação da Universidade Federal Fluminense, saiu do Brasil duas vezes no ano passado para representar o país em intercâmbios internacionais de vulto. Ele participou do Three Dots Dash Global Teen Leaders — que selecionou trinta jovens avaliados pelo programa como os mais influentes do planeta para um treinamento em Nova York — e esteve também no Young Global Pioneers, intensivo sobre liderança, sustentabilidade e economia circular realizado na Tanzânia. A escolha de Lucas foi resultado do trabalho que, nos últimos anos, vem mobilizando suas atenções: a criação de aplicativos voltados para a preservação do meio ambiente.
Desolado ao ver árvores decepadas pelos moradores das proximidades da escola em que estudava programação, na Tijuca, na Zona Norte do Rio — a alegação era que suas folhas emporcalhavam as ruas —, o jovem decidiu usar os conhecimentos de tecnologia que já tinha para mudar aquela realidade. Em 2017, lançou um aplicativo que trazia dados preciosos e curiosidades sobre os frondosos vegetais da cidade. “A ideia era mostrar que a arborização urbana não podia ser encarada como vilã”, explica ele. “Na verdade, é uma grande aliada de todos nós.” Pela iniciativa, Lucas ganhou naquele ano uma das medalhas do Prêmio Prudential Espírito Comunitário — que contempla as melhores ações voluntárias de alunos do ensino médio no Rio — e foi aprovado no Colombia Leadership Bootcamp, projeto de empreendedorismo social da Latin American Leadership Academy destinado a quem tem até 21 anos.
Durante esse programa, ele criou outro aplicativo dedicado à natureza, o Vençapp. A ferramenta reúne desafios para que os usuários adquiram hábitos mais sustentáveis. São cinquenta tarefas — entre elas, reutilizar parte do lixo produzido em casa, usar apenas papel reciclado e dispensar os recibos de compras. A cada missão cumprida, o participante ganha uma estrelinha, e, no fim, pode conferir quanto conseguiu avançar na mudança da própria rotina.
Desde 2018, Lucas Scherpel comanda a ONG Construindo o Futuro. As atividades da entidade se apoiam em dois pilares: criação de mecanismos para introduzir práticas ecológicas nas escolas e participação em um programa de mentoria para projetos alinhados com os dezessete objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela ONU. “Se usada de forma correta, a tecnologia pode ser uma poderosa arma para conscientizarmos a população da necessidade de preservação do verde”, acredita. A crença de Lucas é uma estrada de esperança para 2020.
Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668