Por que Apple TV+ e Amazon Prime Video são tão baratos?
Com mensalidades que custam a metade do serviço Netflix, os concorrentes mais novos no mercado de streaming ainda aglomeram várias funcionalidades
Atualmente a assinatura mais acessível da Netflix sai pelo preço de R$ 21,90. Com alguns centavos abaixo desse valor é possível contratar dois serviços de streaming de outras empresas. O Amazon Prime Video (R$9,90) e o Apple TV+ (R$9,90). Ainda que estes não tenham um catálogo tão vasto, oferecem filmes e séries exclusivos, da mesma forma que a concorrente, mas pela metade do preço.
No caso do Prime Video, a assinatura vem ainda acompanhada de frete grátis para compras feitas por meio da varejista online, além de descontos e mais serviços de streamings, como o de música, o de livros e o de revistas digitais (incluindo VEJA). Já no Apple TV+, quando se compra um novíssimo iPhone 11, o serviço se torna gratuito por um ano inteiro, liberando também o acesso ao canal de jogos e de notícias criados pela marca.
Mas como é possível esse preço tão baixo? O CEO da Apple, Tim Cook, ofereceu uma resposta simples quando os investidores perguntaram a mesma coisa, durante uma reunião na semana passada: “Gostaríamos que o maior número possível de pessoas assistissem nosso conteúdo. E, portanto, isso nos permite focar na maximização de assinantes, principalmente no lançamento”. Em resumo: a meta é ganhar muitos assinantes em pouco tempo.
Em um olhar mais amplo, como até já foi divulgado pela empresa de Jeff Bezos, o pacote de assinatura cria recorrência nas compras feitas pelo e-commerce da empresa, aumentando assim os lucros. E quando, no caso da marca comandada por Tim Cook, se tem em uma dessas mensalidades a inclusão de Apple Music, Apple Arcade, Apple News Plus e agora a Apple TV+, cria-se uma avenida de serviços para garantir que os clientes, ao serem agraciados por tantas novidades, não fujam para as opções dos rivais.
Além disso, na estratégia da Apple ficam de fora outras assinaturas importantes, baseadas no uso dos hardwares da companhia, como o armazenamento do iCloud e o programa de troca anual de iPhone (disponível apenas nos EUA). Cada serviço atrai seus próprios assinantes. E, quando agrupados, criam uma fonte de recursos bastante rentável para a companhia, que tem assistido seus produtos de manufatura, os hardwares (iPhones e iPads, por exemplo), venderem menos a cada ano. Só que vale um aviso: diante da estratégia apresentada, não será surpresa se, quando a base de pagantes estiver grande o suficiente, o preço subitamente ficar mais caro.