Review: ‘Horizon Burning Shores’ evidencia ambiente tóxico do mundo gamer
Expansão do ótimo 'Horizon: Forbidden West' oferece novos desafios e dá a possibilidade de seguir um romance, mas decisão tem provocado críticas de usuários
Lançado em fevereiro de 2022, o game Horizon: Forbidden West é um dos grandes títulos da atual geração de consoles e um dos grandes acertos entre os jogos exclusivos para Playstation. A ambientação pós-apocalíptica em um Terra habitada por máquinas perigosas, que parecem dinossauros de metal, e dominada pela natureza, o combate dinâmico, a protagonista carismática e a história envolvente motivam o jogador a passar dezenas (ou centenas) de horas em seu amplo mundo aberto. Agora, a expansão Burning Shores (R$ 105 na loja online oficial) oferece mais conteúdo para quem estava com vontade de retomar as aventuras de Aloy.
O DLC acrescenta ao já imenso mapa uma área totalmente nova, que corresponde à cidade de Los Angeles, além da possibilidade de usar um barco para se locomover entre as pequenas ilhas. Há um punhado de inimigos diferentes, mais equipamentos e 10 níveis adicionais para evoluir a personagem. Sem dar muitos spoilers, a batalha final é muito empolgante, bem mais satisfatória que o confronto que conclui Forbidden West. Dividida em diferentes etapas, com uma boa ambientação e uma tensa trilha sonora, é uma lota que, sozinha, já justifica o preço do pacote. Embora não oferece nenhum conteúdo totalmente revolucionário, a expansão explora bem o já rico universo e garante mais algumas horas (entre seis e 10, dependendo da vontade do jogador de completar todos os desafios) de diversão.
Do ponto de vista de narrativa, ele funciona como um epílogo a Forbidden West e oferece uma ponte entre os acontecimentos do jogo anterior e os desafios que aparecerão no próximo título da franquia. Por isso, só é possível explorar o novo cenário após concluir a aventura principal. Além disso, Burning Shores aprofunda a complexidade da protagonista ao inserir um possível interesse romântico na figura de Seyka, uma guerreira com quem Aloy junta forças para enfrentar uma nova ameaça. O roteiro cria as bases para o relacionamento, mas ifca a cargo do jogar optar pelo caminho a ser seguido.
Esse romance vem causando polêmica e exacerbando o ambiente tóxico e homofóbico do mundo gamer. No site Metacritic, que agrega a pontuação da imprensa especializada e também as notas dadas pelos usuários, a média do jogo caiu para 4 (de 10) após uma avalanche de críticas, apontando a relação de Aloy e Seyka como “lacração” ou “agenda política”. Horizon é um game conhecido pela protagonista carismática e forte, pela temática que foge da sexualização presente em inúmeros outros jogos, e pelas personagens femininas, muitas em posições de liderança. A história inclusive tira um sarro dos gurus da inovação e dos CEOs de grandes empresas de tecnologia, normalmente homens. Quem critica o novo desenvolvimento da trama provavelmente não jogou prestando a devida atenção.
O movimento foi tão sério que o Metacritic afirmou que vai revisar sua política de moderação para evitar que situações semelhantes aconteçam no futuro. Afinal, a manifestação clara de um discurso tão preconceituoso não tem (ou não deveria ter) mais espaço.