Sempre jovem: Phantom, clássico da Rolls-Royce, acaba de completar 100 anos
Ele ganhou novas versões, continua sendo vendido até hoje e se tornou referência incontornável de sofisticação

Nas ruas transitáveis em 1925, escassas e esburacadas, nos Estados Unidos e parte da Europa, o domínio era do Model T, o simples e eficiente carro da Ford que ajudou a popularizar o automóvel nas primeiras décadas do século passado. E, então, a marca inglesa Rolls-Royce pôs no mercado o Phantom. Era uma evolução do já sofisticado Silver Ghost, modelo anterior que ajudou a consolidar a aura de requinte da empresa. Desde então, ganhou novas gerações, despontou em filmes e séries e foi escolhido como veículo oficial de famosos e chefes de Estado. Ostenta também o título de carro mais longevo a ser ainda produzido: acaba de completar 100 anos em 2025.
No início, o Phantom consistia apenas em motor e chassi, com a carroceria feita sob demanda para cada cliente. O objetivo do engenheiro Henry Royce (1863-1933), fundador da grife ao lado do empresário Charles Rolls (1877-1910), era oferecer um veículo potente, confiável e sobretudo confortável. “Pegue o melhor que existe e torne-o ainda melhor. Se ele não existir, projete-o”, dizia Rolls. Durante a Segunda Guerra, a fabricação foi suspensa. Ao fim do conflito, o cenário de austeridade fez com que os modelos requintados perdessem espaço. Até que a família real britânica pediu que limusines fossem produzidas para compromissos oficiais. O Phantom voltou em 1950 em sua quarta geração. Foram feitas apenas dezoito unidades, vendidas à família real e cercanias. A cada conjunto de melhorias, uma nova geração era lançada, até que em 1990 a fabricação do Phantom ficou estacionada. A montadora foi comprada pela Volkswagen em 1998 e, posteriormente, pela BMW em 2003. Mas o Phantom voltaria, repaginado, agora produzido na fábrica de Goodwood, em West Sussex, com motores exclusivos da BMW.

O Phantom está em sua oitava geração. O interior mistura elementos como couro de primeira qualidade, madeira, alumínio e outros materiais. Tudo feito sob medida para o cliente, incluindo os guarda-chuvas inseridos nas portas. Tem um pacote tecnológico completo e vem equipado com um motor V12 biturbo de 6,75 litros de 563 cavalos, suficientes para acelerar o sedã até 100 km/h em 5,3 segundos. Para os afortunados que podem desembolsar ao menos 475 000 dólares por um deles (o equivalente a 2,7 milhões de reais), pode ser a derradeira chance, quem sabe, de obter um motor a combustão. A empresa já afirmou que aposentará essa linha até 2030. Atrelado aos novos tempos, o centenário símbolo não envelhece, não é um patinete (leia na pág. 76), mas quer ser elétrico.
Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2025, edição nº 2931