Desnutrição na Venezuela: As maiores vítimas são as crianças
Em meio à crise, o país se depara com níveis elevados de pobreza e fome
Em 2017, seis crianças venezuelanas morreram, a cada semana, por falta de comida, segundo dados da Comissão Internacional dos Direitos Humanos. O país, prestes a reeleger Nicolás Maduro como presidente, se afunda cada vez mais nos níveis de pobreza e desnutrição.
A fome, aliada à escassez de médicos e medicamentos, fez a taxa de mortalidade infantil voltar aos patamares dos anos 1950. Sim, no Brasil também há registros de crianças que sucumbem à desnutrição, mas eles não chegam nem perto dos números do país vizinho. A ONG Cáritas, que produz o indicador desde 2016, concluiu que 65% das meninas e meninos venezuelanos entre zero e 5 anos apresentam sinais de má nutrição — no Brasil são 6%.
Quem vive a rotina dos hospitais venezuelanos garante que o problema é ainda mais superlativo. “Os médicos têm medo de atribuir a causa dos óbitos à desnutrição para não ressaltar o horror da fome”, diz um médico do Hospital José Manuel de los Ríos.
Muitas famílias não tem recursos suficientes para comer carne, outras tantas acabam comendo apenas arroz, às vezes acompanhado de farinha, lentilha e caldo. “Faz pelo menos dois anos que não como carne”, diz o adolescente de 14 anos Luis Cadiz. “Durante a gravidez tive enjoos, anemia e infecção urinária porque estava magra demais”, conta Flor Rodrigues de 33 anos.
As raízes da crise estão fincadas sobre a queda no preço do petróleo, que representa 96% das exportações, e o desmanche do setor privado, que sucumbiu diante da mão pesada do Estado sobre os negócios. Quando o petróleo jorrava, Chávez gastou por conta, distribuindo casa, comida e benefícios à vontade. A pobreza retrocedeu de 50% para 30% durante seu governo, segundo dados do Banco Mundial. Mas, quando o preço do petróleo veio abaixo, a frágil economia ruiu.