O drama da falta de leitos de UTI no Rio de Janeiro
VEJA acompanhou duas noites do Plantão Judiciário, aonde acorrem os parentes em busca de uma vaga na terapia intensiva por via judicial
No Rio de Janeiro, a cada dia, três pessoas morrem por falta de um leito na terapia intensiva (UTI), segundo relatório da Defensoria Pública do estado.
A média de 1 095 vítimas por ano encosta no total de mortos no Rio pelas armas da polícia (1 127) em 2017. Equivale a dizer que a violência policial mata quase tanto quanto o caos na saúde. Pior: o cálculo é conservador, pois se baseia apenas nos pedidos de ordem judicial para obrigar o poder público a oferecer vaga a doentes em estado crítico.
A sentença favorável é a última saída, mas não garante sobrevida: 60% dos que peregrinam até obter um leito acabam morrendo porque esperam além da conta (o prazo médio para arranjar um lugar na UTI esticou de 24 para 72 horas, e pode passar muito disso). “Mesmo quando o paciente é transferido, a demora já agravou seu quadro de maneira irreversível”, explica Thaísa Guerreiro, coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria Pública.
A reportagem de VEJA acompanhou duas noites do Plantão Judiciário, instalado no centro da cidade, aonde acorrem os parentes em busca de uma vaga por via judicial. Testemunhou a angústia infinda de parentes cujos familiares estão à beira da morte.