‘Todo ajuste econômico liberal é recessivo’, afirma cientista político
Fórum VEJA EXAME – 100 Dias de Governo reuniu políticos e pensadores para debater o novo momento do país
Ricardo Sennes, cientista político e sócio da consultoria Prospectiva, foi um dos especialistas reunidos no Fórum VEJA e EXAME 100 Dias de Governo, que fez um balanço dos primeiros 100 dias do governo Bolsonaro. De acordo com ele, Bolsonaro evita compromissos políticos por associá-los à corrupção. Mas, em algum momento, ele terá de aceitar a realidade e negociar com o Congresso.
Sennes discutiu os rumos da política nacional com Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper. Os dois especialistas responderam a perguntas de André Lahóz Mendonça de Barros, diretor editorial de EXAME, e de André Petry, diretor editorial de VEJA. Tanto Sennes como Schüler têm um prognóstico pouco animador para quem espera uma agenda liberal do governo. A análise dos dois é simples: liberalismo não combina com populismo. “Todo ajuste econômico liberal é recessivo. Quando se desmonta a agenda de gastos públicos, o primeiro impacto é negativo”, diz Sennes.
Para Schüler, poucas pessoas, no governo Bolsonaro, estão comprometidas com uma economia liberal. “Paulo Guedes e sua equipe são brilhantes. Mas há outros grupos no governo que não estão 100% alinhados com essa agenda. Há militares, políticos de agenda conservadora, o Centrão, a turma de law and order do Sergio Moro”, diz ele. “E o problema não é só o governo não ser liberal. Há a sociedade e o Congresso também.”