VEJA acompanhou a missão que partiu de uma base militar erguida em meio à floresta amazônica no sul do Pará. Trata-se de uma verdadeira operação de guerra, planejada há um mês, que tinha como objetivo flagrar uma grande atividade ilegal de mineração na terra indígena Mundurucu, no oeste do Mato Grosso. Assim que as aeronaves se aproximam do destino, vê-se do alto uma sequência de centenas de garimpos. São quilômetros e quilômetros de rios contaminados, recortados e revirados por maquinário pesado para a retirada de ouro – a principal atividade econômica da população local. “Se a gente parasse para fiscalizar um por um, demoraria meses”, comenta o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que integrava a equipe.
“Noventa por cento da população sobrevive dos garimpos, inclusive os indígenas. Aqui, garimpeiro não é sinônimo de bandido, é um meio de vida”, diz Everton Sales, secretário do Meio Ambiente de Jacareacanga, no Pará. Na área do Munducuru, mesmo garimpos legais estão cheios de irregularidades. A área já foi alvo de outras três operações policiais nos últimos oito anos. O coordenador-geral de Fiscalização do Ibama, Olimpio Magalhães, espera que o prejuízo repetitivo tenha um “efeito disuasivo” sobre os infratores. Mas, a julgar pela disposição dos garimpeiros e do apoio que recebem de autoridades locais, índios e moradores, eles não devem demorar muito para voltar à atividade que fere a Amazônia e suja a imagem do Brasil perante o mundo.
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