A quem interessava matar Marielle Franco?
A execução da vereadora Marielle Franco levanta a suspeita de crime encomendado. Acompanhe os destaques da 'Última Edição' de VEJA
Marielle era novíssima na política: eleita pelo PSOL em 2016, com 46500 votos (a quinta maior votação), entrava no segundo ano de mandato. Voz vibrante a favor das mulheres, dos negros, dos homossexuais e dos favelados — categorias em que se encaixava pessoalmente —, tinha intensa atuação dentro e fora da Câmara.
Nesta quinta-feira (15), sob um sol de quase 40 graus, uma multidão se reuniu nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para homenagear Marielle Franco, a vereadora de 38 anos executada com quatro tiros na cabeça na noite anterior.
A morte da vereadora foi um ato planejado. Marielle saiu de um encontro de mulheres negras na Lapa, zona central do Rio, por volta das 21 horas. Sentou-se no lado direito do banco de trás do carro, um Chevrolet Agile branco com vidros fumê, junto da assessora; ao volante estava o motorista, Anderson Gomes, de 39 anos. A polícia já sabe que os ocupantes de um Chevrolet Cobalt prata os seguiram por 4 quilômetros. Da janela, dispararam nove tiros com uma arma calibre 9 milímetros, de uso exclusivo das Forças Armadas, mirando diretamente o crânio de Marielle — sua assessora só ouviu as rajadas.
Exato um mês depois de instalada, a intervenção militar nas polícias fluminenses, que imaginava ter tempo para agir, vê-se encostada na parede. “A ação federal foi desafiada pelo assassinato de Marielle”, diz a cientista social Silvia Ramos, especialista em segurança pública.