Xiitas e sunitas: a divisão milenar por trás do conflito entre EUA e Irã
Essa divergência vem dos tempos de Maomé, no século 7, e até hoje pode ser vista com clareza no Oriente Médio
Por trás do conflito entre os Estados Unidos e o Irã existe uma divisão insuperável no mundo islâmico. Sunitas não se bicam com xiitas. Essa divergência vem dos tempos de Maomé, no século 7, e até hoje pode ser vista com clareza no Oriente Médio. As duas vertentes têm como principais polos o Irã, que é xiita, e a Arábia Saudita, sunita. Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã se tornou uma república teocrática xiita.
Ao longo das últimas quatro décadas, o país investiu gradualmente em um projeto de hegemonia no Oriente Médio. Focaram no desenvolvimento da tecnologia nuclear e de lançamento de mísseis. O alarme soou especialmente nos potenciais alvos – Israel e na sunita Arábia Saudita – que são os aliados mais poderosos dos Estados Unidos na região. Há de se lembrar que os líderes iranianos, os aiatolás, jamais reconheceram o Estado de Israel e ainda hoje expressam dúvidas sobre o Holocausto judaico. Também é preciso recordar que, no Oriente Médio, apenas um país já terá pronta uma bomba atômica para disparar. Esse país é Israel.
Na última década, com o avanço do Estado Islâmico, que é sunita, na Síria e no Iraque, não só os Estados Unidos entraram nessa guerra. O Irã também foi de extrema importância para a derrota desses extremistas. Em paralelo, os aiatolás expandiram sua presença não só em terreno sírio e iraquiano, como também no Iêmen e no Líbano por meio de seu apoio a milícias e grupos rebeldes xiitas locais. Os Estados Unidos, alarmados, passaram a engrossar sua presença militar no terreno dos sauditas e de outros países sunitas, como os Emirados Árabes, o Catar, a Jordânia. Mas também no Iraque, onde a maioria da população é xiita e o governo é apoiado pelo Irã. No calor dos ataques entre Estados Unidos e Irã, o risco maior não está só na paz no Oriente Médio, mas em um faixa mais abrangente do mundo. O Irã tem apoio da Rússia e da China e recebeu um sinal positivo nesta semana da Turquia. A Europa, cuja parte leste até poderia ser alvo dos mísseis iranianos, foi quem mais trabalhou pelo “deixa disso”.
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