Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Estudante negra abre mão de cotas por ‘quem precisa mais’

Caroline Barbosa, de 21 anos, é a favor da reserva de vagas, mas considera que sistema deveria priorizar negros que também sofram com privações econômicas

Por Guilherme Venaglia
Atualizado em 4 jun 2024, 21h16 - Publicado em 24 out 2017, 11h15

Quando chegou o momento de a estudante Caroline Barbosa, de 21 anos, prestar os vestibulares, primeiro para a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e depois o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ela fez uma opção que pode ser considera inusitada: apesar de ser negra e ter direito à cota racial, preferiu concorrer pelo sistema universal de seleção. Caroline participou e foi aprovada nos processos seletivos de 2013 e 2014, respectivamente.

Depois de disputar as vagas com todos os candidatos, ela passou no curso de Farmácia da Unesp e, pelo Enem, para a graduação em Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Caroline acabou optando não iniciar os cursos, por causa de uma decisão familiar de que não seria o melhor para ela estudar fora de São Paulo. Hoje, cursa engenharia de produção em uma instituição particular da capital paulista.

Segundo contou a VEJA, a razão por não ter utilizado as cotas foi de consciência. “Eu estudei em escola particular a vida inteira. Posso morar na periferia, mas eu nunca tive necessidade. Se participasse do sistema de cotas, roubaria a vaga de quem precisa mais do que eu”, afirmou.

A estudante deixa claro que é favorável à política de cotas, tanto raciais quanto sociais, e que a sua opção foi absolutamente pessoal. Para Caroline, o ideal seria que todos que tiveram o privilégio de receber uma boa educação e se preparar para o vestibular não se candidatassem para as vagas reservadas, mas que não se trata uma regra geral. “Eu tenho amigas que terminaram o Ensino Médio e não puderam fazer um cursinho, tiveram que ir direto trabalhar. Comigo não foi assim”, argumenta.

Discriminação

Questionada se a sua recusa significa que o critério econômico mereça atenção especial em relação ao racial, ela concorda, mas observa que a prioridade deveria ser as pessoas que sofrem o preconceito racial ao mesmo tempo em que enfrentam privações econômicas. “Só de você ser pobre, sendo branco ou negro, já é tão difícil. Sendo negro então, nossa, muito mais”.

Apesar da sua escolha de não se inscrever dentro do sistema de cotas, Caroline Barbosa dá exemplos de como ter uma condição socioeconômica acima da maioria não a impede de sofrer com o racismo: “Eu tinha um cabelo enorme alisado e cortei. Só dessa mudança, muita coisa já ficou diferente para mim. De ir em uma loja e as pessoas me olharem estranho até perder uma vaga de emprego”.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.