Léo Pinheiro diz que discutiu destruição de provas com Lula
Conversa sobre destruição de documentos ocorreu em maio de 2014, diz empreiteiro. Depoimento foi prestado no processo que envolve o tríplex do Guarujá.
Em depoimento ao juiz Sergio Moro na tarde desta quinta-feira, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, revelou que foi orientado pessoalmente pelo ex-presidente Lula a destruir provas que pudessem incriminá-lo na Operação Lava-Jato.
Assista ao momento em que Léo Pinheiro revela diálogo que incrimina o ex-presidente petista:
Lula – Léo, você fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?
Léo Pinheiro – Não, presidente, eu nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior.
Lula – Como é que você está procedendo aos pagamentos para o PT?
Léo Pinheiro – Através de João Vaccari, estou fazendo os pagamentos através de orientação do Vaccari, de caixa dois, de doações diversas que fizemos a diretórios e tal.
Lula – Você tem algum registro de algum encontro de contas, de alguma coisa feita com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua.
Léo Pinheiro afirmou que possui anotações dos encontros com Lula registrados na agenda. Num deles, em junho, Lula fez as essas perguntas textualmente a ele e estava visivelmente irritado, segundo a versão do ex-presidente da OAS. O empreiteiro afirmou que a orientação de Lula para destruir provas foi clara: “Acho que quanto a isso não tem dúvida”.
Segundo Léo Pinheiro, a destruição de evidências foi discutida com Lula em um encontro sigiloso no instituto do petista em maio de 2014, quando a Operação Lava-Jato ainda começava a vasculhar o propinoduto do petrolão. O empreiteiro também deu detalhes de dois casos emblemáticos que envolvem o ex-presidente Lula. As obras no sítio de Atibaia e os negócios envolvendo o tríplex do Guarujá, que Lula nega ser dele.
“O encontro foi em abril ou maio de 2014, no Instituto Lula. Eu sempre me encontrava com ele lá. Ele me orientou nesse encontro seu eu estava guardando algum tipo de documento das relações com Vaccari, encontro de contas, o que eu devia, o que eu tinha que pagar. Eu disse a ele que não, que eu não costumava fazer isso. Ele disse: ‘Olhe, se você ficar anotando documentos, é melhor que você não participe de nada’. Foi muito duro na conversa comigo. Não sei lhe responder infelizmente por que ele estava tão irritado com esse fato. Não era um assunto que tinha a ver com a OAS. [Era] relativo à relação nossa com João Vaccari do pagamento de 1% das obras, que tínhamos esse tipo de acerto.”