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AL VINO

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As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.

A redescoberta dos Chianti, os vinhos da região de Leonardo da Vinci

Os investimentos que mudaram a qualidade dos rótulos populares produzidos na Toscana

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 13 Maio 2024, 22h42 - Publicado em 18 ago 2023, 19h16

Chianti é uma das dez palavras italianas mais conhecidas no mundo, assim como “Pizza”, “Ciao” e “Amore”. Mesmo assim, o estilo de vinho que se faz nessa região da Toscana nem sempre foi sinônimo de qualidade. Muito pelo contrário, aliás. Apesar do Consórcio constituído em 1927, que determinava as regras para que se pudesse ter essa denominação, as vinhas eram sobrecarregadas com muita produção. Em alguns casos, utilizavam-se madeiras domésticas, como castanheiras, para fermentação e envelhecimento. Resultado: milhões de litros de um líquido mediano engarrafado nas garrafas de palha, as tradicionais fiaschi.

Hoje, os 3.500 produtores associados ao Consórcio, distribuídos em 15.500 hectares, produzem 100 milhões de garrafas por ano, em condições muito diferentes. Aquelas vinhas que nos anos 80 faziam até 10 quilos de uva por planta, agora dão de 1,5 a 3 quilos. A concentração de plantas por hectare também diminuiu, aumentando a qualidade da fruta. E mesmo na Itália, onde reina o conservadorismo nessa área, muitos produtores aderiram a práticas orgânicas ou estão em transição. “No último road show que fizemos em Nova York, dos 60 produtores presentes, pelo menos 30 estavam com o modo de produção orgânico”, contou o embaixador do vinho Chianti, o italiano Luca Alves.

Chianti
A região do Consórcio Chianti (Reprodução/VEJA)

Parece que o mantra “boas vinhas, produzem bons vinhos” finalmente domina as províncias de Arezzo, Florença, Pisa, Pistoia, Prato, Siena, Montalbano e Rufina. Atualmente, uma nona região está prestes a ser incorporada ao Consórcio, a Terre di Vinci, formada por quatro municípios de Florença, entre eles Vinci, a cidade onde nasceu Leonardo da Vinci (1452-1519). “Isso demonstra ainda mais refinamento e especificidade do vinho”, disse o especialista Jorge Lucki. Os micro terroirs ou microzonas são uma tendência que demonstram aumento da qualidade da produção e, consequentemente, vinhos ainda melhores. Micro-parcelas tem sido produzidas em diversas partes do mundo, como Chile e Argentina, com grande sucesso em regiões como Gualtalarry e Alto Agrello, em Mendoza.

Voltando à Itália, os nove Chiantis apresentados nessa passagem recente do Consórcio ao Brasil, estavam divididos entre o tipo Annata (jovens de entrada), Superiore (12 meses de envelhecimento) e Reserva (pelo menos 24 meses de envelhecimento). Boa parte deles com 100% Sangiovese, uva símbolo da região, o que é bastante atual. No passado, ela era “temperada” com uvas internacionais para melhorar a qualidade do vinho. O que se viu no evento em questão foram vinhos vibrantes, vivos, ricos em fruta e altamente vocacionados para gastronomia. Certamente mereceriam um brinde de Da Vinci.

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