Dedicado a explorar a trajetória de Donald Trump ao posto de magnata do setor imobiliário americano, O Aprendiz, em cartaz nos cinemas, vem irritando o republicano desde que estreou para uma plateia selecionada no Festival de Cannes, em maio. A principal polêmica do filme de Ali Abbasi é uma cena angustiante em que Trump (Sebastian Stan) estupra a então esposa, Ivana (Maria Bakalova), com quem foi casado de 1977 a 1990. O momento indigesto nasceu de um relato da própria Ivana.
Na cena em questão, ela entrega ao marido um livro sobre como localizar o “ponto G” da mulher, a fim de aprimorar a relação do casal na cama. O presente, no entanto, gera uma discussão em que Trump diz não se sentir mais atraído pela esposa, criticando a sua aparência física. Irritada, Ivana acusa o então marido de estar gordo, feio e careca, instando a fúria de Trump, que a violenta logo em seguida.
Donald Trump estuprou a esposa?
A cena de estupro marital, quando o cônjuge violenta o/a parceiro(a) surgiu de um relato dúbio de Ivana Trump (1949-2022) revelado na biografia Lost Tycoon: The Many Lives of Donald J. Trump (Magnata Perdido: As Muitas Vidas de Donald J. Trump, em tradução livre), de Harry Hurt III. No processo de divórcio do casal, em 1990, Ivana detalhou em depoimento uma agressão parecida com a do filme, descrevendo a situação como um estupro.
O caso teria acontecido em 1989, depois de uma cirurgia de redução do couro cabeludo do hoje presidenciável para corrigir a calvície. A operação, que ele nega ter feito, teria sido supostamente sugerida por Ivana e irritado Trump por doer mais do que o esperado. No depoimento, Ivana conta que o marido a jogou no chão e arrancou tufos de seu cabelo antes de forçar a relação sexual.
Três anos depois, em 1993, quando o depoimento veio a público, Ivana voltou atrás: ela disse que se sentiu violada, mas que a palavra estupro não deveria ser levada ao pé da letra. “Em uma ocasião, durante 1989, o Sr. Trump e eu tivemos relações conjugais nas quais ele se comportou de forma muito diferente comigo do que fazia durante nosso casamento. Como mulher, me senti violada. Eu me referi a isso como um estupro, mas não quero que minhas palavras sejam interpretadas em um sentido literal ou criminoso”, disse ela na época, um ano após finalizar o divórcio e ser devidamente indenizada.