A lição que a derrota de ‘Divertida Mente 2’ no Oscar ensina à Disney
Filme do estúdio foi o mais assistido de 2024, mas perdeu a estatueta para produção com muito encanto e orçamento infinitamente menor

Filme mais assistido de 2024 e animação com maior bilheteria da história, Divertida Mente 2 chegou aos cinemas no ano passado dando esperanças à Disney, que há alguns anos já não faz os olhos do público brilharem como em seus tempos áureos. As credenciais numéricas de peso, no entanto, não foram suficientes para impedir o filme de amargar uma derrota dolorosa no Oscar para Flow, animação da Letônia que triunfou com um modesto orçamento de 4 milhões de dólares — 2% dos 200 milhões gastos na sequência da trama que trata das emoções humanas.
A passagem em branco pela premiação do filme bem-sucedido não é apenas mais uma derrota da Disney: é o terceiro ano seguido que a gigante do entretenimento, também detentora da Pixar, sai da categoria de melhor animação de mãos abanando, mesmo com produções impecáveis visualmente. Pode parecer pouco, mas esse é o maior jejum de estatuetas da história do estúdio na categoria (inaugurada em 2002) que é o seu carro-chefe. A última vez em que a Disney saiu vitoriosa da cerimônia foi em 2022, com Encanto. Desde então, amargou derrotas para Pinóquio, de Guillermo del Toro, O Menino e a Garça, de Hayao Miyazaki, e agora Flow, de Gints Zilbalodis.
Em comum, as animações vitoriosas comungam não só de orçamentos infinitamente menores do que as fortunas dispendidas pela concorrente derrotada. Compartilham também de uma espécie de magia indispensável para as animações que, mais que arrastar o público para os cinemas, precisam encantá-lo e emocionar com o que exibem nas telas. É aí, justamente, que a Disney parece ter perdido a mão: nos últimos anos, a empresa tem apostado em sequências recicladas de sucessos já consolidados. O nome conhecido atrai audiência e bilheteria, mas também escancara uma crise criativa que mostra que o nome do estúdio, por si só, já não é mais sinônimo de magia. Não à toa, as produções recentes que mais se destacaram em crítica foram aquelas que olharam para o mundo de maneira globalizada, e apostaram em histórias inéditas e representativas, como Encanto, Soul e Viva – A Vida É Uma Festa. Se quiser voltar a receber a estatueta mais cobiçada da indústria, a Disney terá que olhar não apenas para o mundo, mas também para a própria história — e, quem sabe, relembrar o que fez dela a gigante que reinou quase imbatível no mundo das animações por décadas.
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