‘Ainda Estou Aqui’ e mais: VEJA seleciona os 10 melhores filmes do ano
Confira um ranking com os longas que se destacaram em 2024 eleitos pela editoria de cultura da revista
O cinema em 2024 entregou conteúdo relevante e envolvente, com filmes que vão do nacional Ainda Estou Aqui, estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, à produções badaladas de Hollywood, como Wicked e Rivais. Confira detalhes sobre cada título a seguir.
10 – RIVAIS (Estados Unidos, Itália)

Produzido e estrelado pela atriz Zendaya e dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, o filme mostra o triângulo amoroso entre dois rapazes e uma garota que praticam tênis e se conhecem entre torneios. A relação do trio vai da amizade e dos gostos compartilhados à competição, tanto dentro quanto fora da quadra. Desejo, ciúme e obsessão se mesclam no filme que é pura adrenalina e sensualidade. Leia mais sobre o filme neste link.
9 – CONCLAVE (Estados Unidos, Reino Unido)

Baseado no livro do autor britânico Robert Harris, o filme traz um grande elenco, encabeçado por Ralph Fiennes, Stanley Tucci, Isabella Rossellini e John Lithgow, e se infiltra em um conclave do Vaticano, quando os cardeais de todo o mundo se reúnem para eleger um novo papa. A trama sobre desejo de poder e religião encerrou no Brasil o Festival do Rio e entra em cartaz no país em 23 de janeiro.
8 – A VERDADEIRA DOR (Estados Unidos, Polônia)

Entre a comédia e o drama, o filme segue a viagem turística dos primos David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin), que prometeram à avó que voltariam à Polônia, de onde ela saiu e se mudou para os Estados Unidos, após sobreviver a um campo de concentração nazista. Dirigido por Eisenberg, o longa conquista pela dinâmica dos dois atores e as situações complexas pelas quais eles passam, filosofando sobre dor, alegria, família e a culpa dos sobreviventes. Exibido no Festival do Rio, o filme estreia em todo o Brasil em 23 de fevereiro. Leia mais sobre o filme aqui.
7 – ANORA (Estados Unidos)

O diretor americano Sean S. Bakerse tornou um nome de grife dentro do cinema independente, ao retratar, de forma criativa e até divertida, o dia a dia de pessoas que vivem às margens da sociedade. É o que ele faz em Anora, ao acompanhar a vida da protagonista que dá nome ao filme, interpretada por Mikey Madison, uma dançarina erótica que se envolve com um jovem russo ricaço. No conto de fadas às avessas, a garota acha que tirou a sorte grade até ter que enfrentar a família perigosa do rapaz. A produção ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano e chega forte ao Oscar de 2025. No Brasil, o filme foi exibido na Mostra de SP e entra em cartaz em circuito nacional no dia 23 de janeiro.
6 – WICKED (Estados Unidos)

Baseado no clássico infantil O Mágico de Oz, estrelado em 1939 pela então jovem prodígio Judy Garland, a peça musical Wicked explora o amadurecimento das duas bruxas principais da trama: de um lado está Glinda, a Bruxa Boa do Norte; do outro, a temível Bruxa Má do Oeste, Elphaba. Na adaptação dirigida pelo americano Jon M. Chu, a cantora pop Ariana Grande empresta sua graciosidade e timing cômico à personagem rosa e símbolo da bondada, em oposição à esverdeada Elphaba, interpretada com força magnética pela atriz Cynthia Erivo. Fiel à peça, o longa retrata uma sociedade alienada e dividida por preconceitos enquanto questiona as raízes do bem e do mal. Leia mais sobre o filme aqui.
5- GUERRA CIVIL (Estados Unidos/Reino Unido/Finlândia, 2024)

Com o brasileiro Wagner Moura no elenco, o filme do cineasta Alex Garland imagina um confronto armado em solo americano, motivado por um elemento bem palpável hoje: a polarização política. A trama observa a guerra civil e a banalidade da violência pelos olhos de um grupo de jornalistas, formado pelo personagem de Moura e pela fotógrafa de guerra vivida por Kirsten Dunst. Acostumada aos horrores de regiões em conflito, ela reflete sobre os limites que transformam humanos em inimigos. Leia mais sobre o filme neste link.
4- DUNA: PARTE 2 (Estados Unidos, 2024)

Denis Villeneuve estabeleceu no primeiro filme, de 2021, as bases do universo criado por Frank Herbert no livro Duna (1965). A continuação foi além do estupor contemplativo do longa anterior, com roteiro que equilibra tensão e emoção e se embrenha no tema principal da história: a perigosa mistura da política com a religião. Timothée Chalamet (Paul Atreides) e Zendaya (Chani) reforçam o espetáculo que devolveu ao cinema de fantasia o frescor que andava sumido desde O Senhor dos Anéis (2001). Leia mais neste link.
3- A SUBSTÂNCIA (Estados Unidos/França/Reino Unido, 2024)

Ex-estrela decadente de Hollywood, Elisabeth (Demi Moore) agora apresenta um vergonhoso programa de ginástica na TV. O cenário ruim fica pior: aos 50 anos de idade, ela é considerada velha demais para a função e acaba demitida pelo canal. O desejo de beleza e juventude a leva a um procedimento estético misterioso e para lá de exagerado: a mulher deve aplicar na veia uma substância amarelada que fará sair de dentro dela (literalmente) uma garota linda e esbanjando colágeno, papel de Margaret Qualley. Mas há uma pegadinha. As duas versões devem se revezar: uma vive sete dias, enquanto a outra fica em uma espécie de coma, ligada a uma alimentação intravenosa, até trocarem de lugar por mais sete dias — dinâmica que não funciona assim tão bem. Obra da diretora e roteirista francesa Coralie Fargeat, o filme cavou trincheira no terreno da cultura pop, ensejando desde análises profundas até os famigerados memes. O roteiro sagaz foi premiado no Festival de Cannes por iluminar, usando ferramentas do body horror — o terror corporal —, as absurdas pressões pela beleza vividas por mulheres de todas as idades. De quebra, trouxe Demi Moore, relegada por Hollywood justamente por envelhecer, ao lugar da protagonista. Leia mais neste link.
2- DIVERTIDA MENTE 2 (Estados Unidos, 2024)

O transtorno de ansiedade é o mal do século e atinge cerca de 300 milhões de pessoas no mundo — o que ajuda a explicar o sucesso arrebatador da animação que marcou o ano, batendo recordes de bilheteria. Sequência do filme da Pixar de 2015, Divertida Mente 2 entra em um terreno assustador: a mente nada equilibrada de uma pré-adolescente que, ao mesmo tempo que tenta moldar sua personalidade e entender quem é, ainda deve lidar com as novas emoções que chegam sem aviso prévio. A começar pela intransigente Ansiedade — a personagem alaranjada toma para si a central de controle que governa as ações da garota, escanteando a eufórica Alegria, até então a líder por ali. Junto com a novata inquieta, os sentimentos Tédio, Inveja e Vergonha também ajudam a causar uma confusão generalizada na cabecinha da jovem, que precisa aprender a lidar com os novos moradores na marra. Visto por mais de 20 milhões de pessoas no Brasil, o longa de Kelsey Mann arrecadou 1,69 bilhão de dólares no mundo, conquistando o posto de animação mais rentável de todos os tempos. Com uma sensibilidade ímpar e uma estética de encher os olhos, o filme agradou a adultos e crianças — e trouxe o tema espinhoso para as rodas de conversa de famílias e amigos. Uma vitória e tanto contra a danada de cor laranja. Leia mais aqui.
1- AINDA ESTOU AQUI (Brasil, 2024)

Entre as habilidades essenciais para fazer cinema está a capacidade de transformar dilemas humanos e crises políticas e sociais em entretenimento — alcançando, assim, um maior número de pessoas. O ano de 2024 testemunhou exemplos notáveis de produções que encararam com brilho esse desafio. Entre elas, uma pérola nacional: adaptação do livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui volta ao passado do país para narrar um drama familiar ligado ao Brasil dos dias de hoje. A trama se inicia com o casal Rubens e Eunice Paiva no acalorado verão do Rio de Janeiro. A rotina idílica da família é interrompida bruscamente quando agentes da ditadura militar invadem a casa e levam Rubens, um engenheiro e ex-deputado, para prestar depoimento. O drama real é amplamente conhecido: morto sob tortura, Rubens nunca mais foi visto. Delicado e contundente, o filme então se volta para Eunice, interpretada de forma acachapante por Fernanda Torres — e pela mãe da atriz, Fernanda Montenegro, na velhice. Com cinco filhos, a dona de casa teve de se reinventar. Ela voltou a estudar, se tornou advogada e buscou incansavelmente informações sobre o marido, vivido no filme por Selton Mello. Candidato brasileiro ao Oscar de 2025, o longa amplia com elegância o currículo do diretor Walter Salles. Nome por trás do aterrador Terra Estrangeira (1995), do emotivo Central do Brasil (1998) e do poético Abril Despedaçado (2001), Salles tem uma visão perspicaz sobre o país: entre a desilusão e a esperança, seus filmes refletem a ação humana possível diante de enormes desafios existenciais — sempre mirando o futuro, mas sem deixar de lado o passado. Leia mais aqui.