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Chefe do GSI de Bolsonaro divulga suspeita, mas não prova fraude

Retórica negacionista sobre pesquisas e urnas sugere uso da ficção como justificativa para rejeitar eventual resultado eleitoral desfavorável ao governo

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 set 2022, 10h17 - Publicado em 9 set 2022, 10h00

Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno, desconfia das urnas eletrônicas e, agora, suspeita também das pesquisas eleitorais.

“Pesquisas com 2000 entrevistados (quando temos mais de 156 milhões de eleitores); com 200 municípios visitados (em um total de mais de 5.600), não podiam ser publicadas” — protestou ontem.

Acrescentou: “São um deboche à inteligência e [é] quase certo que estão a serviço de algo ou de alguém. Só causam desconfiança!” Anexou ao texto, que divulgou nas redes sociais, uma fotografia do comício de Jair Bolsonaro em Brasília, no 7 de setembro.

As dificuldades com a Matemática e a Estatística são assunto de natureza privada de Heleno, general na reserva, e, por isso, nem podem ser enquadradas na classificação de sigilo do serviço público.

Os problemas começam quando servidores, como o ministro do GSI, extrapolam o direito à opinião e, para criar seus próprios fatos políticos, disseminam falsas suspeitas sobre a reputação de empresas privadas e de centenas de profissionais.

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O ministro se enreda em delinquência ao acusar, de forma genérica e sem provas, empresas e pessoas responsáveis pelas pesquisas eleitorais de atuarem “a serviço de algo ou de alguém”.

Insinua uma conspiração para fraude, em complemento à semeadura de desconfiança nas urnas eletrônicas, simplesmente porque os resultados atuais das sondagens contrariam as suas expectativas e as de Bolsonaro sobre as chances de reeleição.

A persistência na retórica da trapaça alheia, nas pesquisas e nas urnas, sugere que no Palácio do Planalto usa-se a ficção como justificativa para planejar a rejeição da vontade do eleitorado em outubro, caso seja contrária ao desejo de poder de Bolsonaro e de sua corte.

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(./VEJA)

Heleno tem histórico de negacionismo com a Matemática, lapidada por teóricos como Pitágoras na Grécia Antiga, e a Estatística, desenhada por Blaise Pascal e Pierre de Fermat na França de 1650.

Comandava a Força de Paz (Minustah) da ONU no Haiti, por designação do governo Lula, quando deflagrou a “Operação Punho de Ferro” em Cité Soleil, maior favela da capital Porto Príncipe.

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Naquela quarta-feira, 6 de julho de 2005, seu objetivo era capturar um gângster local. Os registros diplomáticos dos Estados Unidos relatam a mobilização de 440 soldados, apoiados por quatro dezenas de blindados e helicópteros.

Heleno proclamou vitória e contou meia dúzia de mortos. Para governos estrangeiros e organizações de direitos humanos, o que aconteceu foi o massacre de dezenas de moradores. Em relatório a Washington, no dia 26 de julho, a embaixada dos EUA anotou: “22.000 munições é uma grande quantidade para matar apenas seis pessoas.”  No Haiti, o general Augusto Heleno  deixou um rastro de desconfiança.

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