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Mourão: Bolsonaro deixou para militares a “conta de pretenso golpe”

O ex-vice presidente entrou na disputa pelo legado oposicionista. Depois do discurso, bolsonaristas tentaram invadir residências de militares em Brasília

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jan 2023, 01h47 - Publicado em 31 dez 2022, 21h48
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  • Jair Bolsonaro é página virada. Hamilton Mourão, vice-presidente, a partir da meia-noite deste sábado (31) será mais um dos 27 senadores eleitos à espera da posse em fevereiro.

    Sobram bolsonaristas desamparados, como os que ainda vagueiam diante do Quartel-General do Exército, em Brasília, clamando aos céus, aos extraterrestres e aos oficiais militares de plantão por um golpe de estado.

    Órfã, também, está a oposição. Agregou-se nos 58 milhões de votos de outubro contra um terceiro mandato de Lula no Palácio do Planalto, o que acontecerá na tarde na tarde desse 1º de janeiro.

    À derrota nas urnas seguiu-se uma acelerada fragmentação. Agora, dois meses depois, avança uma disputa interna pelo espólio político da aliança costurada em 2018, entre forças conservadoras e uma fração dos liberais, capitaneada por Bolsonaro, embrionário líder da extrema-direita.

    Bolsonaro acabou o mandato da pior forma possível: com um governo desconstruído, frustrante para a coalizão que o elegeu, acusado em vários processos criminais, criticado nos quartéis e por seu vice-presidente, esforçado portavoz informal do Alto Comando do Exército no centro do poder, eleito senador pelo Partido Republicanos do Rio Grande do Sul.

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    Com a fuga de Bolsonaro para a Flórida (EUA), na sexta-feira (30), Mourão assumiu a presidência. Horas antes do réveillon convocou uma rede nacional de televisão e ao rádio.

    Leu um discurso com se fosse ordem do dia, saudou a alternância no poder, debitou o fracasso político da coalizão de direita na conta do presidente derrotado, e, foi além ao deixar publicamente registrada a insatisfação da maior parte da hierarquia militar com Bolsonaro.

    “Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação” — disse — “em torno de um projeto de país deixaram que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social. E de forma irresponsável deixasse que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. Para alguns, por inação, e para outros por fomentar um pretenso golpe”.

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    Depois do discurso, bolsonaristas acampados diante do QG do Exército tentaram invadir residências dos oficiais militares na região. Tropas foram mobilizadas para contê-los.

    Mourão entrou na disputa pela liderança de uma fatia do legado oposicionista — a maioria dos 58 milhões de eleitores que antes, durante e depois das eleições não se deixou seduzir pelas constantes ofertas desvairadas de uma aventura antidemocrática.

    Bolsonaro, se e quando voltar do passeio no parque do Pateta, dos Estúdios Disney, terá grande dificuldade para realizar o plano de comandar a oposição, essa massa de eleitores que, um dia, acreditou ser integralmente fiel e exclusivamente bolsonarista.

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