“A Rússia invadiu a Ucrânia. Isso abalou a Europa em sua essência. A União Europeia foi criada para evitar que algo assim acontecesse. Mesmo quando os combates cessarem, como acabará por acontecer, a situação nunca voltará ao status quo anterior. De fato, a invasão russa pode vir a ser o início de uma guerra, a Terceira Guerra Mundial, e nossa civilização pode não sobreviver a ela. Devemos mobilizar todos os nossos recursos para que a guerra termine logo. Um cessar-fogo é inatingível, porque não é confiável. [Vladimir] Putin teria que iniciar negociações de paz, o que ele não fará porque seria equivalente a desistir (…) Putin esperava ser recebido na Ucrânia como um libertador; [o líder chinês] Xi Jinping está aderindo a uma política ‘covid zero’ desastrosa, que não se sustenta. Os bloqueios persistentes na China interromperam as cadeias de suprimentos, o que pode manter a inflação em todo o mundo elevada e criar uma depressão global (…) Outras questões que preocupam toda a humanidade, como combater pandemias e mudanças climáticas, evitar guerra nuclear e manter instituições globais, tiveram que ficar em segundo plano por conta da guerra. É por isso que digo que nossa civilização pode não sobreviver (..) Os especialistas nos dizem que já estamos muito atrasados e que a mudança climática está prestes a se tornar irreversível. Isso pode ser o fim de nossa civilização. [A suspensão] da transição energética [por causa da invasão da Ucrânia] é particularmente assustadora. A maioria de nós aceita a ideia de que um dia teremos que morrer, mas damos como certo que nossa civilização sobreviverá. Portanto, devemos mobilizar todos os nossos recursos para acabar com a guerra rapidamente. A melhor e talvez a única maneira de preservar nossa civilização é derrotar Putin. Isso é o principal.”
(George Soros, 91 anos, sobrevivente do Holocausto, investidor e fundador da Open Society Foundation, entidade filantrópica cujas doações superam US$ 30 bilhões, incluindo o financiamento de movimentos políticos liberais em vários países.)