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José Casado

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Informação e análise

Trump cria ‘Tarifa Bolsonaro’ e aumenta a instabilidade

Custo político tende a ser proporcional ao prejuízo nas linhas de produção e no nível de emprego na agricultura, na indústria e em serviços

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jul 2025, 12h58 - Publicado em 10 jul 2025, 06h57

Donald Trump resolveu homenagear Jair Bolsonaro, a quem reconhece como “forte parceiro” dos Estados Unidos, mas vem sendo tratado pelo Brasil de uma forma que, nas suas palavras, “é uma vergonha internacional” — o ex-presidente está no banco dos réus acusado de crimes constitucionais, como o de tentativa de golpe de estado.

Com essa e outras alegações, Trump anunciou na quarta-feira (9/7) um imposto extra de 50% na importação de produtos brasileiros.

A “Tarifa Bolsonaro”, como ficou conhecida em Brasília, é novo fator de instabilidade na política e de imprevisibilidade nos negócios.

Tem validade prevista para 1º de agosto. É a taxa mais alta definida pela Casa Branca nesta semana para um grupo de 20 países — o dobro da que foi estabelecida para Coreia do Sul e do Japão.

Trump usa tarifas comerciais como arma, primordialmente para aumento da arrecadação tributária. Sua defesa de Bolsonaro é tão cândida quanto a taxação “recíproca” (de 10%) que aplicou em abril aos habitantes das ilhas Heard e Macdonald, no Oceano Índico — onde não há humanos, somente pinguins. No primeiro semestre, as tarifas comerciais proporcionaram ao governo uma renda extra-orçamento estimada em 20 bilhões de dólares por mês.

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No caso da “Tarifa Bolsonaro” há um preço político a ser pago pelo ex-presidente, que já está inelegível até 2030 e poderá ser condenado no julgamento por crimes constitucionais previsto para setembro.

Esse custo tende a ser proporcional ao prejuízo previsto nas linhas de produção e no nível de emprego na agricultura, na indústria e em serviços, em todas as regiões.

Exemplo: aplicada às compras americanas de etanol brasileiro, a sobretaxa de 50% impõe incerteza de estabilidade no emprego para quase um milhão de pessoas no setor de bioenergia. Metade delas vive no Nordeste, onde só um terço da lavoura é mecanizada e as usinas são arcaicas.

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Não há lógica nem racionalidade econômica, constatou a Confederação Nacional da Indústria: “Os impactos dessa tarifa pode ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano.”

A Frente Parlamentar da Agropecuária, influente grupo de lobby empresarial no Congresso, prevê “efeitos diretos sobre o agronegócio nacional, afetando o câmbio, encarecendo insumos importados e comprometendo a competitividade das exportações”.

O vislumbre do custo da “Tarifa Bolsonaro” semeou preocupação na família e entre aliados do “parceiro” de Trump. “A culpa é do Lula!”, protestou um dos filhos parlamentares, o senador Flavio.

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Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, estado que pode ser o mais afetado, atribuiu ao adversário o previsível impacto negativo: “Parece que o governo Lula não entendeu ainda que ideologia e aritmética não se misturam. Resolver os problemas das pessoas, das nossas empresas, dos nossos exportadores é mais importante do que o revanchismo, a bravata e a construção de narrativas”, afirma Tarcísio.

Eles confirmam, pela crítica, a razão da alegria no Palácio do Planalto, onde predomina a crença de que Lula deveria erguer as mãos para o céu e agradecer a ofensiva do presidente dos EUA.

No governo brasileiro entende-se que o efeito Trump com a “Tarifa Bolsonaro”, a ser decantada como símbolo da intervenção imperial americana, deve ajudar Lula no curto prazo a escapar do declínio de popularidade nas pesquisas.

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Aconteceu no México, onde as ameaças da Casa Branca reforçaram o poder e o prestígio da presidente Claudia Sheinbaum. Assim foi, também, no Canadá, onde os conservadores eram favoritos na eleição parlamentar até Trump falar em anexar o país. A maré eleitoral virou, os eleitores abandonaram os conservadores e reelegeram os liberais no governo.

No México e no Canadá os líderes políticos evitaram a estridência no embate com Trump. No Brasil, ocorre o inverso. Sem canais de diálogo em Washington, o governo Lula há meses entrou rota de colisão com a administração Trump. Aparentemente, caiu no ardil de um duelo aos gritos no escuro.

Até a eleição de 2026 será possível saber se o custo político desse jogo para Lula será maior ou menor do que para Bolsonaro. Qualquer que seja o resultado, a conta será paga pelos brasileiros.

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