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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Alerta na Black Friday: golpistas criam mais de 100 sites falsos por dia

Redbelt Security detecta mais de 500 páginas fradulentas de compras em cinco dias; governo orienta consumidores a checar reputação das empresas

Por Bruno Caniato Atualizado em 11 nov 2024, 16h29 - Publicado em 11 nov 2024, 14h41

A temporada de promoções e ofertas da Black Friday, que ocorre no próximo dia 29 de novembro, vem acompanhada de um alarmante crescimento dos golpes virtuais aplicados por sites falsos de compras. Desde meados de outubro, golpistas criaram mais de 1.000 novas páginas fraudulentas, segundo levantamento da consultoria de cibersegurança Redbelt Security.

O monitoramento detectou ao menos 1.296 sites com falsas ofertas da Black Friday criados entre 17 de outubro e 4 de novembro — destes, 533 surgiram nos últimos cinco dias da pesquisa, o que representa uma média diária de 107 novas páginas de compras fictícias levadas ao ar a cada 24 horas. Caso o ritmo se mantenha, o total de endereços maliciosos pode triplicar até a data oficial da Black Friday.

Segundo o CEO da Redbelt Security, Eduardo Lopes, essa modalidade de golpe é corriqueiramente praticada por “lobos solitários” ao longo do ano, mas tende a se intensificar no período da Black Friday, quando criminosos apostam na produção rápida e massiva de sites falsos para expandir o alcance às vítimas. “Surgem grandes ‘forças-tarefas’ de grupos hackers para disseminar estas páginas, muitas vezes impulsionando os sites com anúncios no Facebook ou Instagram”, explica.

Denúncias superaram 100 mil no ano passado

Em 2023, ao longo de todo o ano, os órgãos de defesa do consumidor registraram mais de 100.000 queixas relacionadas ao comércio virtual. Dados do portal Consumidor.gov.br, do governo federal, indicam que uma em cada cinco denúncias do tipo envolvem venda enganosa, quando bens e serviços adquiridos pela web não são entregues ao comprador.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, afirma que está intensificando o monitoramento de sites de e-commerce na temporada da Black Friday para identificar potenciais fraudes, mas ressalta que a atenção do comprador é essencial. “Os criminosos estão constantemente se atualizando e reinventando; portanto, nosso foco é bastante voltado à educação do consumidor e ao alinhamento com os Procons estaduais e municipais”, explica Vitor Hugo do Amaral, diretor de proteção e defesa do consumidor da Senacon.

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Amaral  lembra que a internet pode ser também uma aliada do consumidor na detecção de golpes — um conselho valioso é consultar, antes da compra, se já existem reclamações contra a empresa registradas em sites como o Consumidor.gov.br ou o portal Reclame Aqui. “Em casos de sites que simulam grandes marcas conhecidas, é importante checar se a loja exige informações excessivas no momento da compra, ou se está ‘redirecionando’ o usuário para outras páginas antes da transação”, afirma.

Inteligência artificial torna golpes mais sofisticados, alerta especialista

Mesmo a checagem pelo próprio usuário, no entanto, pode ser dificultada pelo avanço das tecnologias de inteligência artificial que produzem imagens, áudios e vídeos, as chamadas IAs generativas. Graças à proliferação de ferramentas mais poderosas e acessíveis, já existem relatos de quadrilhas virtuais que geram falsas centrais de serviço ao cliente operadas integralmente por pessoas fictícias.

Jaime Wikanski, diretor da consultoria de cibersegurança Oficina1, ressalta que a “clonagem virtual” é um processo que se torna mais sofisticado a cada dia e permite, entre outras modalidades de golpes, a geração de falsos atendentes para enganar clientes. “Mesmo ao buscar informações antes de uma compra, o usuário corre o risco de estar conversando com uma pessoa gerada por IA como se fosse um profissional real”, explica.

Segundo o especialista, uma estratégia que vem crescendo entre as grandes empresas para evitar fraudes é reduzir o seu número de canais oficiais, além de reforçar que a loja não procura ativamente os consumidores para enviar ofertas pelas redes sociais. “Os golpistas usam todas as táticas disponíveis, antigas e novas, e a velha dica de ouro é sempre desconfiar das promoções e consultar outros clientes antes de uma transação”, afirma.

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