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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Boulos e Datena se unem contra Nunes no primeiro debate eleitoral em SP

Em evento promovido pela TV Bandeirantes, ataques pessoais e acusações se sobressaem a propostas para a capital

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 ago 2024, 03h49 - Publicado em 9 ago 2024, 03h13

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi o principal alvo do primeiro debate da disputa eleitoral pela prefeitura de São Paulo, que iniciou na noite de quinta-feira, 8, e se estendeu até a madrugada de sexta-feira, 9. José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) fizeram perguntas mútuas para criticar a atual gestão da prefeitura. Os candidatos usaram como estratégia isolar Tabata Amaral (PSB), enquanto Pablo Marçal (PRTB) apostou em um discurso enfático direcionado a seguidores das redes sociais. Nos estúdios da Band, as ofensas pessoais sobressaíram às propostas sobre a cidade. Após uma discussão inicial sobre a região central da capital paulista, os ataques começaram quando Marçal questionou os ministérios do MDB no governo Lula e a saída de Marta Suplicy (PT) da gestão de Nunes para ser candidata a vice de Guilherme Boulos. O emedebista respondeu apelidando o adversário de “Bla bla bla Marçal”.

Em resposta à pergunta de Datena, o candidato do PSOL aproveitou para declarar o ditado: “Digas com quem andas que direi quem és. Eu não ando favorecendo compadre com contrato”. Antes, o psolista já havia questionado o prefeito sobre quem é Pedro José da Silva, compadre de Nunes contratado para obras emergenciais da Prefeitura, segundo o psolista. Boulos sugeriu aos telespectadores para conferirem a informação no Google, inaugurando a estratégia de levar o debate ao ambiente digital. Ricardo Nunes se esquivou das acusações, apresentou o número da gestão e se colou à imagem de trabalhador: “A minha vida foi de trabalhar, acordar cedo, bem diferente de você, não é candidato?”, reagiu o prefeito, que foi incentivado com um sinal de positivo do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, que assistia ao debate nos bastidores.

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O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, a candidata a vice Marta Suplicy (PT). (Renato Pizzutto/Band/Divulgação)

Boulos insistiu em levar o debate para além da televisão e disse que uma sentença de Pablo Marçal sobre um golpe com aposentados em Goiás foi publicada nas redes sociais. O anúncio gerou palmas de seus apoiadores na plateia, puxadas pela ex-prefeita Marta Suplicy e por seu marido Márcio Toledo. O primeiro bloco terminou com um discurso enfático de Pablo Marçal que, no intervalo iniciou uma transmissão ao vivo no Instagram, alcançando 135 mil espectadores. A atitude foi denunciada nos bastidores pelo ex-secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que acompanhou a equipe de Nunes. “O Marçal está fazendo live e dá para escutar tudo que estão falando com o prefeito”, reclamou Wajngarten a apoiadores. Um integrante da equipe do candidato do PRTB tentou repetir a estratégia no segundo intervalo, mas foi retirado do palco por organizadores do debate. Nesse momento, 70 mil pessoas assistiam à transmissão paralela nas redes sociais de Marçal.

O bloco dos padrinhos políticos

No início do segundo bloco, Nunes tratou de colar sua imagem ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Hoje a minha primeira agenda, às 7h da manhã, foi com o governador”, disse após apostar em um discurso sobre rigor na segurança pública, defender o armamento da Guarda Civil Metropolitana e criticar Guilherme Boulos por ser favorável à desmilitarização das forças de segurança. Já Tabata Amaral enfatizou que, no ano passado, conversou com ex-prefeitos de São Paulo para entender os problemas da cidade e afirmou que é capaz de conversar com os governos estadual e federal. “Eu sou a única candidata que consegue trabalhar com o governador Tarcísio e com o presidente Lula”, reafirmou a candidata do PSB.

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A candidata do PSB para a Prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral. (Ramiro Brites/VEJA)

Datena colou a sua imagem ao ex-prefeito tucano Bruno Covas, que não terminou seu mandato após não resistir a um câncer no aparelho digestivo, que o levou à morte em 16 de maio de 2021. Ao invocar a memória o último mandatário da Prefeitura, o candidato do PSDB, em mais uma dobradinha com Boulos, fez críticas a Ricardo Nunes, que herdou a Prefeitura de Bruno Covas, e segundo Datena, não conseguiu cumprir as metas da gestão — antes do debate, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, admitiu que o alvo preferencial seria o atual prefeito, mas que Datena não pouparia críticas a Boulos.

No segundo bloco, as críticas à atual gestão focaram no transporte público e que a meta de 40 quilômetros para corredores exclusivos para ônibus não chegaram perto de serem cumpridas. Boulos disse que irá “passar a limpo os contratos de ônibus da cidade de São Paulo”, em referência à Operação Fim da Linha, do Ministério Público, que prendeu diretores de duas empresas com concessão de transporte público por terem elos com o Primeiro Comando da Capital. “Para você melhorar o transporte público, você precisa ser transparente”, disse Datena. Nos bastidores, a esposa do prefeito, Regina Carnovale Nunes, reagiu: “Está chamando o Ricardo de bandido”. Em direito de resposta, Nunes rebateu Datena, disse que ele estava “fazendo joguinho” com Boulos e denunciou o tucano. “O apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crimes às pessoas inocentes”.

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O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena. (Ramiro Brites/VEJA)

Escalada de ataques pessoais

A primeira pergunta ditou o tom do terceiro bloco dos debates. Marçal direcionou a fala a Guilherme Boulos e fez um gesto alusivo ao consumo de cocaína. Ao candidato do PSOL, a pergunta foi direcionada a posição do deputado em relação à política externa, questionando sobre a posição do psolista sobre o Hamas, a Nicarágua e o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Boulos respondeu lembrando de áudio em que Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, de Marçal, diz ter influência em ações do PCC. O chefe da sigla nega as acusações. O psolista ainda disse que estávamos diante de um psicopata que “mente e não fica nem vermelho”.

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O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal. (Ramiro Brites/VEJA)
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Depois foi a vez de Tabata Amaral tirar Ricardo Nunes do sério. Ela lembrou de um Boletim de Ocorrência registrado em 2011 por Regina, esposa do prefeito, contra ameaças do marido. A Polícia Civil confirmou à Folha de São Paulo que o registro realmente ocorreu, desmentindo o prefeito que disse em sabatina da Folha e do Uol que o documento foi forjado. A pergunta causou a indignação da esposa de Nunes que gritou da plateia. “Deixa a minha família em paz”, disse. “Mulher atacando mulher”, criticou Regina, que teve que ser acalmada pelos auxiliares que acompanhavam o prefeito.

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O prefeito Ricardo Nunes chegou com sua esposa, Regina, e o deputado Baleia Rossi. (Ramiro Brites/VEJA)

Em mais uma dobradinha com Boulos, Datena voltou a criticar o prefeito. “Ele me acusa de fazer jogo com você porque ele não tem competência”, afirmou. “Esse cidadão está sendo investigado” e disse que o prefeito tem medo do crime organizado. Nunes respondeu sugerindo que Datena estava sob efeito de ansiolíticos. “Deve estar ali em um Rivotril danado” — o apresentador gaguejou em diversas falas, o que foi motivo de chacota entre os adversários na plateia — e criticado diretamente por Pablo Marçal ao fim do debate. Na saída do estúdio, o candidato do PRTB acusou, sem provas, Guilherme Boulos de ser “cheirador de cocaína” e bateu boca com auxiliares do psolista.

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