Como a Baixada Santista virou um enorme problema para o governo de SP
Assassinatos de policiais motivam ações de patrulhamento ostensivo e aumento da letalidade nas operações, mas taxas de criminalidade continuam subindo
O assassinato do policial militar Samuel Wesley Cosmo, na última sexta-feira, 2, marca mais um episódio na preocupante escalada da violência vivida pela Baixada Santista nos últimos meses. O agente foi baleado no rosto durante patrulhamento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), em Santos. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu ao enterro no último sábado, 3, na capital paulista – também estavam presentes o delegado-geral da PM de São Paulo, Artur Dian, e o subsecretário de Segurança do estado, Osvaldo Nico Gonçalves.
A morte de Cosmo deu origem a uma nova fase da Operação Escudo, que já deixou pelo menos seis pessoas mortas em troca de tiros com a Polícia Militar – na sexta-feira anterior, outro policial da Rota, Marcelo Augusto da Silva, já havia sido morto na mesma região, após ser atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen enquanto voltava para casa de moto pela Rodovia dos Imigrantes.
Os casos ilustram a grave crise da criminalidade que ocorre em Santos, Guarujá e outros populares destinos turísticos do litoral paulista. A questão virou uma das maiores encrencas da área de segurança pública do governo estadual. Entre julho e setembro do ano passado, o Guarujá foi palco da Operação Escudo, da Polícia Militar, deflagrada após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis durante patrulhamento das Rota, que deixou ao menos 28 pessoas mortas em quarenta dias. Ao longo de todo o ano, foram 30 mortes pela PM e uma pela Guarda Civil Municipal (GCM) – alta de 58% em relação a 2022, segundo informações do Ministério Público de São Paulo
O aumento da letalidade policial, porém, não foi acompanhado de estatísticas expressivas de redução da violência – pelo contrário, considerando toda a região da Baixada Santista, houve crescimento de 47,5% dos casos de estupro de vulnerável, 18% de roubo de carros de motos, 21% de lesão corporal e 64% de roubo de cargas, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado.
Crimes violentos
No final do ano passado, a violência no Guarujá voltou às manchetes após o assassinato de Thiago Rodrigues, pré-candidato à prefeitura filiado à Rede Sustentabilidade. Em 27 de dezembro, quando saía de uma confraternização, o jornalista foi baleado ao menos nove vezes por um suspeito em uma bicicleta. Na época, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lamentou o crime e exigiu “rigorosa investigação” do homicídio.
Já no último domingo, 4, a Polícia Militar afastou onze agentes acusados de dopar e estuprar uma mulher durante uma festa na cidade. O episódio lamentável, que teria ocorrido em julho do ano passado, resultou na gravidez da vítima.