EUA ainda não responderam se Bolsonaro usou cartão falso de vacinação
Desfecho da etapa de investigações depende de resposta do departamento de Justiça americano, diligência solicitada pela PGR há quase dois meses
Passados quase sessenta dias do pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), não houve retorno do governo dos Estados Unidos sobre o eventual uso que Jair Bolsonaro teria feito do cartão de vacinação — hipoteticamente falsificado — para entrar em solo estrangeiro no final de 2022. A diligência foi solicitada em 23 de abril pelo PGR, Paulo Gonet, contrariando o relatório de indiciamento apresentado pela Polícia Federal (PF) em março.
Para a corporação, o caso estava finalizado. O relatório de indiciamento marca a conclusão da investigação e elenca os crimes que os agentes policiais identificaram depois da colheita de provas, da oitiva das testemunhas e do interrogatório dos alvos da apuração. No entanto, o oferecimento da denúncia criminal é prerrogativa do Ministério Público, que pode ou não seguir o mesmo caminho traçado pela Polícia.
No caso das vacinas, que é um braço do inquérito das milícias digitais, a PF indiciou Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e mais catorze aliados pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público de informações. Pouco mais de um mês depois, quando o caso voltou do gabinete do PGR, Gonet entendeu que ainda faltavam elementos para finalizar a investigação.
O elemento principal da solicitação do órgão é uma resposta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o eventual uso que o ex-presidente teria feito do cartão de vacinação em tese falsificado para ingressar em solo estadunidense. Além disso, a solicitação de novas diligências se estendeu ao acesso completo aos laudos referentes às apreensões de celulares e aparelhos eletrônicos dos investigados.
O relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, atendeu à solicitação do PGR e determinou a continuidade das investigações. No começo da semana, o inquérito das milícias digitais foi prorrogado novamente, por mais seis meses, prazo que se encerrará apenas no final do ano — depois das eleições municipais. A investigação das joias sauditas, em que o ex-presidente é suspeito de ter vendido presentes de alto valor que recebeu no exercício do cargo, também faz parte desse inquérito.