Enquanto Jair Bolsonaro escala em declarações antidemocráticas e golpistas, o ex-presidente Lula segue em um caminho oposto ao do adversário. Para o bem do país, que sofre! E sofre muito.
O líder da extrema-direita disse no domingo, 9, que não descarta tentar mudar a composição do Supremo Tribunal Federal em um segundo mandato, sinalizando claramente contra a democracia. Já o petista afirmou, nesta segunda, 10, que – terminada a eleição – “não tem mais bolsonarista ou lulista” e “quem ganhou governa”, sinalizando claramente a favor da democracia.
“Ganhando a eleição, quem ganhou, toma posse e vai governar. Quem perdeu, vai lamentar e se preparar para outra eleição. Foi assim que fiz em 1989, 1994 e 1998. Ou seja, a eleição termina no dia 30. A hora que fechar a urna e anunciar, terminou. Não tem mais bolsonarista ou lulista, flamenguista ou vascaíno, corintiano ou palmeirense. Numa sociedade civilizada, disputa da forma mais democrática possível. Acabadas as eleições, tem o resultado. Quem ganhou, governa”.
É mais uma declaração de Lula no sentido correto, e que precisa ser bastante elogiada. Bolsonaro, por sua vez, quer manter o país sob o suspense de que, caso seja reeleito, poderá ser pior do que foi no primeiro mandato em seus ataques aos outros poderes da República.
Após todo o esgarçamento que seu primeiro mandato gerou na democracia brasileira e “nas quatro linhas da Constituição”, como ele gosta de repetir, Bolsonaro agora ameaça, à luz do dia, mudar uma cláusula pétrea da Carta Magna.
“Se eu for reeleito e o Supremo baixar um pouco a temperatura, talvez descarte essa sugestão [de aumentar o número de ministros do Supremo]. Se não for possível descartar, você vê como é que fica”, afirmou o presidente, repetindo a insinuação que já havia feito à VEJA.
Talvez ele descarte. Talvez, eleitores.
O país lembra até hoje de quem não descartou.
A ditadura militar – a mesma que o mandatário tanto elogia e exalta – mudou a composição do Supremo de 11 para 16 integrantes através de um ato chamado de institucional, mas que de institucional não tinha nada. Era inconstitucional. Outro de uma série de ataques do regime ao Estado e à democracia.
A 20 dias da eleição, o país testemunha dois comportamentos diferentes. Um candidato diz que, se perder, vai respeitar democraticamente as urnas. E outro, que, se vencer, usará as urnas contra a Constituição. O país nem precisava estar dividido.