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Pé na estrada

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Na Campanha Gaúcha, vinícolas investem em colheita mecanizada

Na segunda reportagem da série sobre a Campanha Gaúcha, visitamos a Seival, do Grupo Miolo, para acompanhar a colheita noturna da uva

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 fev 2025, 18h31

São quatro horas da manhã e o céu ainda está escuro quando passamos pelo portão da Vinícola Seival, no município de Candiota, na Campanha Gaúcha. Nos vinhedos, no entanto, a colheita das uvas já começou. Uma pequena equipe liderada pelo enólogo português Miguel Almeida e pelo engenheiro agrônomo Alécio Bogoni Demori cuida de uma das poucas colheitadeiras de uva do país. O moderno maquinário francês produzido pela Pellenc é capaz de tirar as uvas de forma limpa e eficiente, deixando folhas e o engaço (a parte lenhosa do cacho) para trás. 

Puxada por um trator, a máquina faz o serviço com grande rapidez. Segundo Demori, uma máquina como essa faz em meio dia o que uma equipe de cem pessoas precisaria do dia inteiro para fazer. A operação nas primeiras horas do dia, quando tudo ainda está escuro, é proposital, para aproveitar as temperaturas mais amenas. Quando o termômetro sobe, aquela parte do trabalho já está concluída. 

A passagem pela vinícola Seival faz parte de uma viagem de 1682 quilômetros em cinco dias que o Pé na Estrada fez explorando a produção vitivinícola na Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul. Em uma série especial de reportagens, contamos histórias da região fronteiriça, como o inevitável processo de mecanização da colheita.

Uvas da variedade Alvarinho plantadas no vinhedo Seival
Uvas da variedade Alvarinho plantadas no vinhedo Seival (André Sollitto/VEJA)

A automatização começou há poucos anos na região. Na Seival, a primeira colheita mecânica noturna foi feita em 2016. O objetivo era preservar melhor o fruto e evitar a oxidação, que prejudica a qualidade da bebida. O processo deu tão certo que hoje a colheita dos 200 hectares de vinhedos (dentro de uma propriedade de 320 hectares) é totalmente automatizada. O processo também supre uma falta de mão de obra, segundo Demori. A equipe que trabalhava durante a madrugada de nossa visita era pequena, com menos de 10 pessoas. 

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As máquinas funcionam bem na região da Campanha Gaúcha por alguns motivos, principalmente o tamanho das propriedades e a geografia. Cada colheitadeira dá conta de 120 a 130 hectares, em média. Pelo preço, que pode passar de um milhão de reais, é inviável adotá-las em propriedades menores. Não à toa, apenas a Miolo e a Salton usam o equipamento. Outras grandes vinícolas da região, como a Cooperativa Nova Aliança, também avaliam a adoção da tecnologia. Essas máquinas também só funcionam em terrenos planos. Na Serra Gaúcha, por exemplo, é impossível usá-las. Na Campanha, é um movimento irreversível. A decisão de usar a colheitadeira é aproveitar rapidamente o momento em que as uvas estão no melhor ponto. “A diferença de fazer um vinho médio e fazer um grande vinho é o momento da colheita”, afirma Adriano Miolo, superintendente do Grupo Miolo, dono da vinícola.

Colheitadeira Seival
O engenheiro agrônomo Alécio Demori sobre a colheitadeira de uva (André Sollitto/VEJA)

O grupo é um dos maiores do mercado nacional do vinho, responsável pela produção de mais 10 milhões de garrafas por ano. A Miolo tem operações no sul, no Nordeste e também na Argentina. E tem quatro máquinas de colheita em operação. Duas ficam na Almadén, também na Campanha Gaúcha, uma no Seival e outra no Nordeste. 

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O plantio dos vinhedos na Vinícola Seival começou entre 2001 e 2002. Primeiro, foram 100 hectares. Outros 100 hectares começaram a ser plantados em 2006, processo que terminou em 2010. Hoje, a propriedade produz uma série de rótulos. Há algumas variedades, como o tinto feito com a variedade espanhola Tempranillo, e um Sauvignon Blanc muito fresco, elaborado a partir de uvas colhidas em três momentos distintos. Ou ainda o Castas Portuguesas, blend das variedades Touriga Nacional e Tinta Roriz, tradicionais de Portugal. Essas castas foram plantas em 2003 a partir de uma iniciativa com os professores do enólogo Miguel Almeida, que hoje supervisiona a elaboração de todos os rótulos.

O enólogo Miguel Almeida, o engenheiro agrônomo Alécio Demori e o superintendente do Grupo Miolo, Adriano Miolo
O enólogo Miguel Almeida, o engenheiro agrônomo Alécio Demori e o superintendente do Grupo Miolo, Adriano Miolo (André Sollitto/VEJA)

É dessa propriedade que vem várias uvas usadas na produção de alguns dos principais vinhos da Miolo, os chamados Sete Lendários. Um deles é o Quinta do Seival Castas Portuguesas. Outro é o Sebrumo, elaborado apenas com Cabernet Sauvignon, que atinge a maturação ideal na Campanha Gaúcha. E o terceiro é o Sesmarias, um blend de seis safras considerado pela crítica um dos melhores tintos do Brasil. “Seival é um lugar diferenciado”, diz o enólogo Miguel Almeida.

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