O gigante de alimentos BRF reportou um prejuízo líquido de 956 milhões de reais no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro de 964 milhões no igual período de 2021. O resultado foi bem pior do que o projetado pelo consenso de mercado, que apontava para um prejuízo de 130 milhões. A companhia alega que cerca de 350 milhões desse montante envolvem um acordo de leniência da companhia no âmbito da Operação Carne Fraca. Mesmo sem esse efeito, os números ficariam aquém das estimativas do mercado. “No geral, a BRF apresentou resultados fracos no quarto trimestre, já que a empresa continua a enfrentar fortes pressões de custo de insumos, ventos contrários à inflação e fraca dinâmica do setor, acabando por corroer as margens em todos os setores”, escrevem os analistas do Credit Suisse em relatório enviado a clientes.
As ações da empresa, contudo, fecharam em alta de 5,3% na última quarta-feira, 1°. Dois fatores sobressaíram entre os decepcionantes números apresentados pela companhia. O primeiro, e mais relevante, é o plano de desinvestimentos proposto pela empresa. A BRF confirmou que vai se dedicar integralmente à produção de proteínas animais, em detrimento da venda de alimentos para pets e outros segmentos não essenciais. A empresa deve arrecadar cerca de 4 bilhões de reais com os negócios. “São operações de execução rápida que melhoram nossa estrutura de capital e permite desalavancagem”, afirmou Fábio Mariano, CFO da empresa.
O segundo ponto foi a surpreendente receita da BRF no Brasil, que se contrapôs à performance mais fraca em outros países. A empresa teve receita de 7,8 bilhões de reais no país, crescimento de 7,7% na base anual. “O Brasil foi uma surpresa positiva, embora longe de compensar a queda em todas as operações internacionais, sobretudo diante da queda dos preços de frango”, avaliam os analistas da XP.
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