Marcelo de Carvalho, 61, sócio-fundador e acionista da RedeTV, possui um projeto paralelo ao trabalho na televisão. O empresário se transformou em cozinheiro no Mangia Bene, um canal nas plataformas digitais, criado por ele e a namorada – a jornalista e consultora de mercado de luxo, Chris Pitanguy, 47, no qual compartilham receitas e dicas de viagens no maior clima alto astral. O casal conversou com a coluna sobre esse novo “hobby”, os conteúdos televisivos e, claro, política.
Como surgiu o projeto de gastronomia? Marcelo: Eu nunca tive perfil aberto no Instagram, tenho cem seguidores. Só que a Chris é uma pessoa conhecida nas redes, centenas de milhares de pessoas seguem ela. Num belo dia ela pega, faz um vídeo de telefone e posta na rede social. E disse: ‘vamos montar um canal de culinária’. E eu: ‘de jeito nenhum, não quero trabalhar mais’. E aí a coisa explodiu. Chris: Eu vim da TV, trabalhei anos no jornalismo da Globo. E em 2005, fui uma das primeiras a fazer vlog no Brasil. O digital é a minha linguagem, é muito diferente de TV. Na televisão você fala com o Brasil, as classes sociais são mais baixas, na rede social não.
E o que vocês gostam de cozinhar juntos? M: O que a gente gosta é transmitir uma coisa legal. As pessoas têm tanto problema na vida e a internet é uma brigadaria danada. A culinária tem muito de quebrar o gelo. Agora, como bom italiano, amo fazer pasta, risotos, culinária mediterrânea. C: A gente procura apontar a história das coisas. A gente está fazendo receita de drinque também.
O que acha do formato de programas de gastronomia na TV hoje? M: Eu era muito fã da Palmirinha, tivemos vários culinaristas de mão cheia trabalhando conosco. O Edu Guedes, por exemplo. Mas te confesso que pouca coisa tem me chamado atenção ultimamente.
Outro fenômeno recente de gastronomia são os realities. Por que a RedeTV pouco investiu nisso, apesar de você dizer que ama gastronomia? M: Nós temos agora o Netão (programa Na grelha com Netão), mas é só churrasco. E o que estamos fazendo na internet não deixa de ser um reality. Porque é a vida real, não é uma competição, até porque não vamos ser mandados embora, eu espero que ela não me mande embora. C: Não vou, até porque seria um desastre [risos].
A TV Globo mudou o modelo de contrato, acabando com os de longo prazo. Como vê esses novos formatos de mercado? M: Em entrevistas de anos atrás, falo que a segmentação é irreversível, a fragmentação da audiência é irreversível. O parâmetro não vai ser só audiência bruta. Vai ser quem está vendo e em que plataformas. Tinha um concorrente que falava: ‘nós vamos ser a próxima Globo’. Desculpa, não existe isso mais.
A RedeTV esteve alinhada com Bolsonaro. Como está a relação com o atual governo? M: Minha vó tinha um ditado maravilhoso: ‘em festa de jacu, inhambu não pia’. Agora eu só falo de espaguete alho e óleo, e pimenta!
Você cozinharia para o Lula ou Bolsonaro? M: Eu cozinho para quem gostar de comer.
Não é vantajoso estar alinhado com o governo? M: Sinceramente, todas as empresas do Brasil têm que torcer para o Brasil dar certo. Todo mundo tem que ter esperança, o Brasil é uma economia grande. Tem uma coisa que concordo com o governo atual: odeio essa taxa de juros. A economia moderna não funciona com essa taxa.